domingo, novembro 12, 2006

Quanto custa um jornalista?

Um absurdo o ocorrido essa semana. Diogo Mainardi lançou uma enchurrada de agressões contra Mino Carta em seu podcast semanal. Aproveitou-se de uma coincidência literária para não ser processado: um macaco ladrão, chamado Mino, personagem da reportagem “101 Dias em Bagdá”, da escritora norueguesa Asne Seierstad.

A resposta não demorou. No dia seguinte, Mino Carta publicou um artigo estarrecedor em seu Blog, intitulado "Um país sem justiça". Entre outras coisas, o jornalista reclamou da impunidade para com aqueles que fazem denúncias caluniosas, baseadas apenas em presunções e deduções. Ao reclamar da imprensa, chegou a citar mafiosos Italianos como Totó Riina e Provenzano, dizendo que os preferia aos "profissionais" deste setor brasileiro.

Mino foi adiante e partiu para a ofensiva. Citou Daniel Dantas e falou da obscura relação deste com FHC: "Vamos à verdade factual. De volta de uma de suas viagens a Cayman, DD visitou o então presidente da República, e jantou com ele no Alvorada. Dias depois, punhado exíguo de dias, FHC nomeou Luiz Leonardo Cantidiano para a CVM e demitiu em bloco a diretoria da Previ."

Para os que não se lembram do ocorrido, não só a Previ, mas, também a Funcef e a Petros, que é responsável pelos fundos de Pensão da Petrobras, foram peças-chave do esquema financeiro de Daniel Dantas para aquisição da Brasil Telecom. As operações causaram prejuízos absurdos aos fundos e supervalorizaram a participação do Opportunity, banco de investimentos de Dantas, que passou a controlar a Telefonica.
Mino aproveitou a deixa e completou: "Este é o País onde há quem diga que você não presta porque não mede um metro e oitenta, e o definem como ladrão sem incomodar-se com os verdadeiros ladrões."

A parte mais engraçada do artigo é sobre um possível encontro dos dois. No qual, Mainardi estaria em um taxi, já encostando, e Mino na calçada. Segundo o relato do jornalista, ao vê-lo, Mainardi ordenou ao taxista que continuasse. Ao que Mino escreveu: "Covarde, no entanto, ele é, como um dos patrões dele, que também fugiu faz trinta anos, para ser preciso."

O patrão em questão é Roberto Civita. Em 1976, Mino era diretor de redação da "Veja" e pediu demissão ao ser responsabilizado pelo caráter oposicionista da revista. O delato foi feito por Civita ao então ministro da Justiça, Armando Falcão. Logo após a saída de Mino, um vultoso empréstimo foi liberado pela Caixa Econômica Federal ao grupo Abril.

Este é o decadente quadro da imprensa brasileira: para agradar "padrinhos", princípios básicos, como presunção de inocência, foram deixados para trás. E o que resta, é a triste e podre guerra de factóides a la Goebbels. Terminarei, meu já prolongado comentário, com uma frase memorável do portal IG, quando fora caluniado por Mainardi: "Diogo Mainardi é bobinho. Não há como levá-lo a sério."

Aos amigos,
uma ótima semana,

Marcos André Ceciliano

6 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns! Ótimas observações. O Mainardi é um irresponsável, nada mais. No fundo, ele preza pelo mandato do Lula, pois é o que garante o emprego dele.

Anônimo disse...

"E o que resta, é a triste e podre guerra de factóides a la Goebbels." Sem dúvida, um texto de Marcos Ceciliano.
Escrevam, vai ser o prefeito mais novo do Estado.

Anônimo disse...

Vi o endereço do seu blogger através de um scrap que vc mandou para uma amiga que temos em comum, fiquei bem curioso para saber sobre vc, sobre o que pensa. Porque tenho que ser honesto, sempre tive um certo preconceito contra sua pessoa, te via como se diz por aí, alguém que "goza com o pau dos outros", mais um desses garotos sem conteúdo de Paracambi. Realmente me surpeendi, o primeiro texto que eu li, "quanto custa um jornalista?", me fez ver que vc é um rapaz inteligente, culto, escreve muito bem, muito melhor do que eu por sinal.
Porém, eu resolvi ler todos os seus comentários, começando pelos arquivados, Outubro de 2004. " A ousadia de se comprar uma eleição", situação conturbada foi aquela. Eu PT de carteirinha, fã do seu "tio", é claro votei nele, votaria no seu "tio", para prefeito, Deputado, Senador, Presidente, qualquer coisa, porque admiro a história dele. Mesmo sabendo que ele não é nenhum santo!
Esse texto, vc terminou ele com a seguinte frase, "Caso contrário, comemore, pois este país provará mais uma vez que o dinheiro compra tudo, inclusive a dignidade." Na boa, hoje me pergunto, será que vc estava sendo no minímo apressado ao fazer esse comentário, ou será que vc estava certo prevendo o que aconteceria?" Como paracambiense e fã do seu "tio", espero que tenha sido simplismente uma colocação errada, num momento antecipado e inoportuno.
Agora, o texto que me fez refletir, e quase voltar os meus primeiros "achismos" sobre sua pessoa foi sobre "Flamengo bi- Campeão!" Pena, prq como flamenguista que sou, achei que seria um texto de amor ao mengão. Porém foi um texto, onde vc mostrou a diferença entre uma nação, e um "sobrinho". Até aí, tudo bem, rola uma certa inveja da minha parte!
Só que na boa, vi um comentário que outra pessoa deixou para vc, onde ele diz que vc poderá ser o mais novo futuo prefeito desse país, que nesse caso principalmente me afeta, prq vc deve começar por Paracambi. Não é justo que nosso povo, sofra mais com esse tipo de injustiça, onde alguns abastardos sortudos, não enfrentem filas, nos nosso estádios, hospitais, colégios, empregos. Quantos amigos de federações, que o seu "tio" tm? Prq assim vai ser difícil para qualquer um competir com vc, ou com outro "sobrinho" que o "tio" tenha amigos em federações, vcs não enfrentam filas, não fazem provas, não marcam hora, e nós orfãos de "tios", faremos o q?
Sabe "sobrinho", eu não vou ler seus outros comentários, para que eu tenha certeza sobre meus "achismos", e para que nós somente achemos, que isso foi um comentário infeliz. Vou começar a ler somente os novos, sem me voltar ao que passaram, tenho certeza que os pro´ximos serão melhores. Prq se não vc já pensou o texto que um bom jornalista poderia escrever sobre um tema tão bom quanto esse, "quanto custa um amigo na federação?"

Se vcs políticos não mudarem seus pensamentos, suas atítudes e facilitações, quem sofre é o povo, que acredita em vcs. Vou usar novamente o termino do seu primeiro texto.

"Caso contrário, comemore, pois este país provará mais uma vez que o dinheiro compra tudo, inclusive a dignidade,"... lugares em filas, vagas, provas etc...


Vc tm muito potencial, me fez ver que muitos elogios que eu já ouvi ao seu respeito devem ser verdadeiros. E espero mesmo que vc possa se tornar um político de fato, votaria em vc. Prq acho que esse fato é isolado, foi uma certa demosntração de poder ligada ao fato de vc ser novo ainda, foi um comentário marrento. Mais isso passa.
Gostaria de ler um texto seu a respeito do meu comentário, não acho que fui ofensivo, pelo contrário, pr isso espero um texto inteligente e educado da sua parte. Tenho certeza que servirá para o nosso crescimento.

Um abraço.

Marcos André Ceciliano disse...

Caro Paracambiense,

por uma questão de transparência, gostaria que se identificasse. Não considerei seu comentário ofensivo e, mesmo que o fosse, não seria motivo para qualquer tipo de retaliação.
Devo confessar que cometeu algumas injustiças quanto ao texto da final da Copa do Brasil.
Primeiro, a amizade da minha família com o "senhor da Federação", antecede a carreira política de meu tio. Logo, não é caracterizado nenhum tipo de favorecimento pelo fato de meu tio exercer cargo público.
Não considero justo nenhum tipo de favorecimento, ainda mais quando este ocorra em detrimento alheio. Entretanto, os "ingressos" da tribuna não são vendidos. Na verdade, nem são ingressos, são convites. Então, ao aceitá-los não estava prejudicando outrem. Quanto ao cartão de estacionamento, meu pai é funcionário da DPGE e tem direito a estacionamento no Maracanã.
Sou um voraz defensor da meritocracia, sempre o fui. Nunca fui favorecido em nada pelo fato de meu tio ser prefeito, muito pelo contrário. Meu tio é uma pessoa muito ética. Nunca um familiar exerceu cargo público dentro ou fora de seu governo. Nenhuma das empresas da família fornece bens ou presta serviços ao município.
Sou estudante de Economia e procuro não me candidatar a vagas em bancos públicos, justamente para evitar suposições como essas.
No mais, agradeço os elogios proferidos. Gostaria que continuasse com os comentários e críticas, pois os considero muito proveitosos. Desculpe se em algumas palavras, transpareci algum tipo de revanchismo ou raiva, não era essa minha intenção.

Muito cordialmente,

Marcos André Ceciliano

Anônimo disse...

Vou me abster de qualquer comentario em relação ao texto, e também serei imparcial em relação o comentário acima. Me permito apenas dizer que o livro "101 Dias em Bagdá" é muito bom.

abraços Marcos

Anônimo disse...

Vou ser sincero, continuo descrente ao fato de existirem Duendes, Fadas, Gnomos e Santos Cecilianos.

Porém, é fato, que mesmo sem haver necessidade ou obrigação alguma, e sim por "nada?" dever e pela bela educação que possui, vc me deu explicações que dariam por encerradas qualquer CPI.
Mesmo prq, a grande maioria termina em pizza!

Peço desculpas, mais por enquanto prefiro a sombra de um pseudonimo.

Um abraço.