quarta-feira, novembro 29, 2006

E algum amor talvez possa...

Como são tristes e belos os versos de "Sabiá", composição de Chico Buarque e Antonio Carlos Jobim para o FIC de 1968. Acabou sagrando-se vencedora, apesar das vaias da platéia, que preferia "Pra não dizer que não falei das flores" de Geraldo Vandré.

Entretanto, devo confessar que "Sabiá" não é minha composição Buarque-Jobim favorita. Sinceramente, prefiro "Anos dourados", que é de uma perfeição em versos e harmonia incomparável. Há algo curioso sobre essa música: foi encomendada por um seriado homônimo da rede Globo, porém, só foi entregue após o término do mesmo. Chico não conseguiu cumprir o prazo.

Não é novidade que sou apaixonado por Chico Buarque. Sua música é única, a perfeita tradução do sentimento popular brasileiro. Impossível não se identificar com alguma de suas letras. É a história de nosso povo, o trato de seu cotidiano.

E as mulheres? Não é a toa que são loucas por Chico. Não apenas por seus olhos claros, o que já seria natural. Mas, por encontrarem em suas letras os mais profundos desejos e ardores que inundam suas almas. "A mais bonita", dueto em parceria com Bebel Gilberto, é um perfeito exemplo do que acabo de enunciar.



O vídeo acima foi gravado na casa do Tom, em 1976. Destacam-se as presenças de Miúcha, irmã de Chico, e Beth jobim, filha de Tom. Mas, o que mais impressiona nesse filme é a atuação de um Chico jovem, mais calmo do que o habitual. Admirando, com um respeito singular, seu maestro soberano ao piano. Os versos fluem com uma leveza inequívoca. É um momento espetacular, registro único dos anos dourados da música brasileira.

Aproveitarei este segmento para registrar meu repúdio ao cenário musical atual. A falta de qualidade é gritante, as músicas estão repletas de palavrões e insinuações. Algumas são a perfeita descrição de orgias. O funk invadiu todos os ambientes, virou a febre da imbecilidade. Até mesmo na Zona Sul, berço da Bossa Nova.
E o rock nacional? Está morto, salvo raras exceções. O ambiente é tão retrógrado, que muitas bandas vivem da regravação de sucessos do passado.

É um cenário de estagnação. A verdade, por trás disso tudo, é que minha geração não trará grande contribuição à história musical brasileira. Mas, fazer o quê? A vida tem dessas coisas.

Viva Antonio Carlos Jobim
Viva Chico Buarque de Holanda

Aos amigos,
chega de saudade,

Marcos André Ceciliano

sexta-feira, novembro 24, 2006

Joaquim Levy, o segundo acerto de Cabral!


Antes de escrever sobre Levy, explicarei porque anunciei que este seria o segundo acerto de Cabral. A indicação de Wagner Victer para a Cedae foi o primeiro.

Quando o engenheiro assumiu a pasta de energia, indústria naval e petróleo no governo Garotinho, apenas um município era beneficiado com o gás natural, a cidade do Rio de Janeiro. A atuação de Victer foi memorável. Hoje, mais de 30 municípios tem acesso ao combustível, até mesmo a pequena Paracambi.

A segunda indicação é de uma lucidez invejável. Joaquim Levy foi um dos economistas oriundos do Ministério de Pedro Malan que permaneceram no cargo durante a gestão Palocci. Ph.D. em economia pela Chicago University, ocupou a secretaria do Tesouro até Guido Mantega assumir a pasta da Fazenda.

Levy também foi responsável por muitas discussões entre Dirceu e Palocci. Defensor da polêmica redução dívida/PIB de 51% para 40%, realizada através do aumento de impostos, em detrimento do investimento em infra-estrutura, medida repudiada pela Casa Civil. Dirceu chegou a pedir sua cabeça ao presidente Lula. Levy só não caiu, porque era o homem forte de Palocci.

Com a queda do ministro e a entrada de Mantega, acabou pedindo exoneração do cargo. Ocupa atualmente a vice-presidência de finanças do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington. Na semana passada, foi convidado à ocupar a Secretaria de Fazenda do estado do Rio de Janeiro.

Sérgio supera todas as expectativas com o secretariado. Suas escolhas são técnicas, não políticas. E isso é louvável. Uma demonstração de seriedade inequívoca. Se a competência da equipe for traduzida em resultados, é bem provável que o PMDB tenha um nome para concorrer à Presidência da República em 2010.

Aos amigos,
desculpas pelo atraso,

Marcos André Ceciliano

Teoria da conspiração...

Infelizmente, o dia 22 de novembro passou sem que eu escrevesse algo sobre o assassinato do presidente Kennedy. Apesar de não possuir muitos ídolos na história política daquele país. Kennedy, Lincoln e Washington merecem o nosso aplauso e estima.

Meu interesse pelo caso Kennedy começou aos 14 anos, quando li os 23 livros da comissão Warren, em inglês. Foi um interesse imediato, psicótico, promovido pelo filme de Oliver Stone, "JFK, a pergunta que não quer calar.".

Para os que não sabem, a comissão Warren foi a responsável pela investigação do assassinato do Presidente Kennedy, em 1963. As falhas existentes no inquérito são tão gritantes que até hoje maculam o Congresso Americano e a justiça dos Estados Unidos.

A verdade é que não existe a menor chance de Oswald ter assassinado o Presidente, com três tiros certeiros, do alto de um prédio em Dallas. A teoria da bala mágica é algo que o público americano não deveria ter aceito pacificamente, uma vez que só se comprova em laboratório, com quase todas variáveis físicas em ceteris paribus.

O filme de Stone foi inspirado nas ações do promotor Jim Garrison, único a reabrir o caso nos EUA, e a lutar contra um sistema de governo poderoso, que se utilizou de diversas artimanhas, como tornar os documentos classificados e sigilosos por décadas, sob a prerrogativa da segurança nacional.

Os documentos da investigação criminal deverão ser revelados ao público apenas em outubro de 2017, vinte cinco anos após a aprovação do "JFK Records Act", de 1991. Apesar do prazo ser absurdo, devemos agradecer aos legisladores. Caso contrário, tais documentos nunca não seriam de conhecimento do grande público.

Espero estar vivo para presenciar esse momento histórico, no qual saberemos quais instituições republicanas americanas participaram da conspiração para assassinar o Presidente. É uma pena que essa revelação de nada sirva a dor dos familiares e à população que sempre o amou.

No fim, Kennedy será lembrado eternamente por ter sanado dívidas históricas no que se refere ao direito dos negros nos EUA. A triste coincidência é que, certamente, o Presidente teria dado sua vida voluntariamente por essas conquistas.

Sempre orgulhoso de Jim Garrison!

Marcos André Ceciliano

Era giá tutto previsto...

Com muita tristeza, recebi a notícia de que faleceu ontem o ator francês Phelippe Noiret. Uma música de Riccardo Cocciante surgiu-me de imediato, e toca sem parar no meu quarto desde então.

Um câncer acabou com a vida do meu querido Alfredo, personagem que aprendi a amar ainda criança, nas inúmeras vezes em que o assisti no clássico Italiano "Il Nuovo Cinema Paradiso", de Giuseppe Tornatore.

Noiret foi um gênio da sétima arte que, embora francês, conquistou o mundo através do cinema Italiano, Sua atuação em "O carteiro e o poeta" foi memorável, carinhosa e emocionada, digna do escritor homenageado. Suspeita-se, nas altas rodas do cinema mundial, que não existirá outro ator a interpretar tão bem Pablo Neruda.

Estou demasiado triste, em prantos. Morre hoje um pouco do cinema velho, do cinema clássico, que encantou a era pré-televisão. Outros tempos, outra sociedade, outra filosofia.

Na minha cabeça, ficarão as brincadeiras com Salvatore Caccio, eternas e apaixonantes.

Te amo, para sempre! Viva Noiret!

Marcos André Ceciliano

quinta-feira, novembro 23, 2006

Sérgio convida Benedita da Silva.


O governador eleito do Rio, Sérgio Cabral Filho, anunciou ontem que a ex-ministra de Ação Social, Benedita da Silva, participará de seu governo. Segundo Cabral, Bené ocupará a secretaria de Ação Social e Direitos Humanos no estado.

Ela que já foi estrela do PT, andava apagada ultimamente. Eleita para o congresso, em 1986, lutou pela inafiançabilidade de crimes raciais, licença de 120 dias à gestante, proibição de diferença de salários e direito das presidiárias de amamentar seus filhos. Em 1994, foi eleita Senadora da República, a primeira mulher negra a ocupar o cargo.

Apesar de alguns infortúnios, Benedita tem história: vendeu limão e amendoim quando criança, foi operária fabril e engraxate. Alfabetizou muitas crianças e adultos na escola comunitária da favela Chapéu Mangueira, onde fundou e presidiu uma associação de mulheres.

Enquanto Sérgio anunciava o nome de Benedita, o presidente Lula e o presidente do PMDB, Michel Temer, estavam a portas fechadas no Palácio do Planalto. Após a reunião, Temer anunciou a entrada do partido no governo.

Andreza Matais, deu a notícia na Folha Online às 15:28h. Vale destacar que não foi apenas a oficialização de um apoio que sempre existiu. O PMDB estava dividido entre governistas e independentes. O acordo de hoje, coloca todo o partido no governo. Trocando em miúdos, o governo tem agora maioria no congresso e, por conseguinte, os votos necessários para aprovar reformas importantes.

Quanto custou esse apoio? Falemos em moeda corrente: ministérios. Segundo Temer, não houve esse tipo de negociata. Terminou dizendo: "Nossa concepção é a de que em face dos projetos a serem executados e a critério do presidente da República, se for o caso, para a execução destes projetos e para a conseqüência deles, o PMDB pode ser chamado para ajudá-lo na execução."
Sinceramente, não sejamos tão ingênuos.

Independente do que fique acordado na questão ministerial, a perspectiva de sucesso desse governo supera a de qualquer outro já vivido no país.

Aos amigos,
estampas eucalol

Marcos André Ceciliano

segunda-feira, novembro 20, 2006

Manuela, brasileiramente linda!


Há muito queria escrever sobre essa gaúcha, eleita deputada federal pelo PCdoB, com 271.939 votos. Talvez, a razão da demora tenha sido o medo de exagerar nas declarações de apreço a esta linda jovem.

Apesar da pouca idade, 25 anos, Manoela tem uma bagagem política impressionante. É formada em Ciências Sociais pela UFRGS e em Jornalismo pela PUCRS, foi presidente da UJS e diretora da UNE. Em 2004, foi eleita vereadora, a mais jovem da história de Porto Alegre, com 9.498 votos.

Manuela D'Ávila é um fenômeno político, o rompimento ao estereótipo imposto. Não se utiliza de formalidades em seus discursos, gesticula sem parar e defende o fim da burocratização política. Quer tornar a linguagem legislativa popular. Certa vez, disse: " Eu tive que comprar uma briga aqui (câmara de Porto Alegre) para tirar "senhora" das notas taquigráficas. Tenho 24 anos, isso aqui não sou eu ... é uma visão burocratizada da política. E para que serve? Para afastar a população dela.".

Já sofreu perseguição da imprensa duas vezes. Na primeira, por utilizar o serviço de mensagens instantâneas, msn messenger, durante uma sessão da câmara de Porto Alegre. Na ocasião, a vereadora alegou estar trocando informações com internautas sobre a legislatura.

A segunda, mais recente, fala sobre compras no Duty Free do aeroporto Salgado Filho. Segundo o blogueiro Diego Casagrande, Manoela havia comprado perfumes, loções e cremes, todos importados. Ele questionou o fato da moça ser comunista e usufruir do que há de mais capitalista e burguês no mundo: os cremes Victoria´s Secret. Casagrande foi adiante e ironizou: "Foice e martelo não combinam com Victoria´s Secret em nada..."

Sinceramente, não vejo relevância na notícia. Cobrar determinada postura de alguém que defende o socialismo é algo infantil, descabido. O discurso do blogueiro mostrou-se ultrapassado, retrógrado, uma tentativa hipócrita de insuflar demagogia à imagem de Manuela.

Não é de hoje que seus adversários utilizam sua beleza para justificar seu sucesso. No entanto, essa é uma argumentação covarde, distante da realidade. Seu mandato participativo realiza mais de 100 reuniões anuais, presta contas e discute diretrizes para a juventude. É uma proposta inovadora em meio a tantos modismos e vícios políticos.

Seu compromisso para com a juventude é legítimo. Manuela é o futuro, uma alternativa aos políticos oligárquicos que há muito nos governam. Mesmo porque, parafraseando Celso Viáfora, "os velhos de Brasília não podem ser eternos".

Aos amigos,
uma ótima semana,

Marcos André Ceciliano

sexta-feira, novembro 17, 2006

Ela pode conquistar a França!


Ontem, foram realizadas as primárias do partido socialista francês. Para surpresa geral, a vencedora foi Ségolène Royal, que obteve 60,83% dos votos. Como a vitória foi esmagadora, não haverá segundo turno dentro do PSF. Em outras palavras, Royal já é a candidata dos socialistas ao palácio de Eliseu.

O Jornal Fígaro (da direita francesa) afirmou que Ségolène será uma candidata forte, com chances de vencer a UMP. Já o Liberation (da esquerda francesa) disse que os integrantes do partido socialista não escolheram o candidato mais representativo de seus ideais, mas, aquele com mais chances de vencer Nicolas Sarkozy.

A história dessa senhora de Poitou-Charentes é impressionante. Filha de um militar autoritário, foi além das restrições impostas por seu pai, conquistou independência e se formou em ciências políticas pelo Institut d'Etudes Politiques de Paris. Se elegeu deputada por Deux-Sèvres e, logo depois, foi ministra nos governos de Pierre Bérégovoy e Lionel Jospin. Hoje, é presidente do conselho da região de Poitou-Charentes.

Conversei com uma amiga francesa, Sabrina, na tentativa de entender o fenômeno Ségolène. Segundo ela, a vitória esmagadora foi uma surpresa até mesmo para os franceses. Entretanto, ressaltou que o desempenho da candidata nos debates era louvável. E foi adiante: "Há dois anos, Ségolène era uma desconhecida da população, a projeção que tem hoje é fruto da popularidade adquirida quando da defesa dos jovens na questão da lei do primeiro emprego."

Os jovens franceses já começaram a campanha da socialista pela internet. Muitos especialistas acreditam que a web será de grande importância na eleição francesa de 2007. Para os que falam francês, sugiro o blog de Loic Le Meur.

Aos amigos,
Marie Antoinette de Sofia Coppola,

Marcos André Ceciliano

quinta-feira, novembro 16, 2006

Dupla derrota para Diogo...

Acabo de ouvir o novo podcast do Diogo Mainardi. Não, ele não está agredindo Mino Carta como no da semana passada. Mesmo porque, acaba de perder um processo em primeira instância para o mesmo. Por um assunto anterior, quando acusou Mino de receber dinheiro para defender o PT, no que chamou de "mensalão da imprensa".

O assunto dessa semana foi outro: a perda de seu patrocínio no podcast. A empresa SulAmerica decidiu abandonar a parceria após receber vários e-mails com reclamações. Segundo Mainardi, o ato foi organizado por um integrante da comunidade oficial do PT, no orkut. O colunista termina a gravação chamando os petitas do orkut de jovens doentes.

O Oráculo de Ipanema parecia apático nesse podcast, sem muito o que falar. Então, sua estratégia foi a de reproduzir as mensagens de comemoração dos petistas quando da desistência da seguradora. No fundo, queria contagiar aqueles que o apoiam, mostrar-se injustiçado. Talvez, na esperança de que surjam alguns comentários em seu apoio e ele possa utilizá-los em seu próximo podcast.

Sinceramente, não tenho a menor vontade de comemorar a perda de patrocínio do Mainardi. Embora, acredite que ele não mereça espaço em veículo de comunicação algum. Seus comentários não acrescentam nada ao ouvinte, são agressões desmedidas, nada mais. Chega a ser patético de tão infantil. Um desperdício de espaço jornalístico.

Pior que Mainardi, só Reinaldo Azevedo, que foi contratado para ser o papagaio de pirata do primeiro. Comenta barbaridades de tudo. Fez um discurso patético no dia em que Mainardi perdeu o processo, quis comparar o caso do "amigo" com o do professor de sociologia da UERJ, Emir Sader. Algo sem cabimento, já que Sader foi condenado por ter escrito um artigo contestando uma declaração "racista" de Jorge Bornhausen. Já Mainardi, foi condenado por fazer acusações absurdas sem conjunto probatório.

Certa vez, Reinaldo escreveu sobre minha família. Não irei reproduzir a barbárie proferida, mas, de forma resumida, nos comparou a uma mafiosa família Italiana. Entre outras coisas, fez uma piada infame sobre um beijo que meu tio deu em Lula, dizendo que, aquela era, sem dúvida, uma prática bem "siciliana".

Fiquei muito chateado com o artigo. Não pelas acusações infundadas, feitas pelo "repórter" frustrado. Mas, pelo descaso com a informação. Infelizmente, confirmar fontes e ouvir partes virou algo secundário quando a palavra de ordem da imprensa é o sensacionalismo.

Aos amigos,
os intocáveis,

Marcos André Ceciliano

Disputa na Câmara

Hoje, a repórter Andreza Matais, da Folha de São Paulo, escreveu uma matéria sobre a disputa pela presidência da Câmara. Segundo Matais, o PMDB anseia a cadeira para garantir a presidência da República caso ocorra um processo de impeachment contra o presidente Lula.

Andreza escreveu: "Com a doença do vice-presidente José Alencar e a possibilidade de setores da oposição insistirem no impeachment do presidente em razão do episódio do dossiê antitucano, a sucessão na Câmara se tornou uma dor de cabeça para o Planalto.".

Apesar de gostar muito das matérias de Andreza, terei de discordar nesse caso. Não há a menor possiblidade de impeachment, ainda mais por algo esdrúxulo, como a suposta compra de um dossiê fajuto. Já ouvi muita gente da imprensa comparar a situação atual do governo com aquela vivida pelo ex-presidente Fernando Collor. É um absurdo. Collor não tinha a legitimidade de Lula, que foi reeleito com 60,83% dos votos válidos. Não há um país dividido como na eleição de 1989.

A intenção do PMDB é óbvia, aproveitar-se do momento para ganhar mais força no governo. Não há dúvidas de que conseguirá manter a presidência do Senado. A derrota de Roseana no Maranhão acabou com as chances do PFL na disputa. Mas, para as ambições do partido, o Senado é pouco. O PMDB quer ser respeitado, e para isso, precisa ter poderes sobre a agenda do congresso.

O controle da agenda é a verdadeira dor de cabeça do governo. Matérias importantes como reforma política e fiscal correm o risco de serem engavetadas. Sem falar dos problemas na discussão e aprovação do orçamento. Por isso, o planalto deixou claro que apoia a reeleição dos presidentes das duas casas. Mesmo porque, Aldo já deu mostras de fidelidade ao goveno.

Negociar com o congresso é muito complicado e dispendioso. Essa semana foi aprovado o aumento do valor anual de emendas individuais, de R$ 5 para R$ 6 mihões. Isso é um absurdo! As emendas individuais deveriam ser extintas, são o caminho mais fácil para a corrupção, como no caso dos sanguessugas. Hoje, um deputado pode fazer até 20 emendas anuais, no valor total de R$ 6 milhões. Só que esta quantia quase sempre se esgota em duas ou três emendas.

Não precisa ser analista político para perceber que o esquema dos Vedoin foi amplo por garantir retorno aos deputados que destinassem emendas à compra de ambulâncias. Quantas outras empresas devem possuir esquemas parecidos? Quem se preocupa em investigar as outras emendas individuais?

A CPI dos sanguessugas está estagnada. Não há esforços para dar continuidade aos trabalhos, nem do governo, muito menos da oposição. Ao meu ver, sempre existiu um acordo de cavalheiros entre todos os partidos na questão das emendas individuais. Acordo que foi rompido pelo PSDB, por desespero na disputa presidencial. Passadas as eleições, parece não existir razão para que se continue com a perseguição. Mesmo porque, agora os parlamentares tem mais R$ 1 milhão para negociar.

Aos amigos,
concertos de Rachmaninoff,

Marcos André Ceciliano

terça-feira, novembro 14, 2006

Sinatra e Jobim

Em 1967, a rede de tv americana PBS lançou o especial "A man and his music", para homenagear Francis Albert Sinatra. Um dos mais ilustres convidados do evento foi o brasileiro Antonio Carlos Jobim.



Este concerto possui uma harmonia espetacular. Já na apresentação percebe-se que algo extraordinário aconteceria. Sinatra interrompe a letra de "Quiet nights" (Corcovado) e apresenta Tom, que estava na sombra. O brasileiro surge cantarolando, rouba a cena ao clamor dos aplausos, e passa a vez a Sinatra, que canta "Change partners" e emenda em "I concentrate on you", de Cole Porter.

Um encontro antológico merecia um desfecho a altura. Então, eis que surgem os acordes de "Garota de Ipanema". E o que assistimos é a mistura das letras da versão brasileira e americana. Os arranjos são de Claus Ogerman. É perfeito! Genial, como Sinatra e Jobim.

Aos meu amigos,
os olhos de Carolina,

Marcos André Ceciliano

domingo, novembro 12, 2006

Quanto custa um jornalista?

Um absurdo o ocorrido essa semana. Diogo Mainardi lançou uma enchurrada de agressões contra Mino Carta em seu podcast semanal. Aproveitou-se de uma coincidência literária para não ser processado: um macaco ladrão, chamado Mino, personagem da reportagem “101 Dias em Bagdá”, da escritora norueguesa Asne Seierstad.

A resposta não demorou. No dia seguinte, Mino Carta publicou um artigo estarrecedor em seu Blog, intitulado "Um país sem justiça". Entre outras coisas, o jornalista reclamou da impunidade para com aqueles que fazem denúncias caluniosas, baseadas apenas em presunções e deduções. Ao reclamar da imprensa, chegou a citar mafiosos Italianos como Totó Riina e Provenzano, dizendo que os preferia aos "profissionais" deste setor brasileiro.

Mino foi adiante e partiu para a ofensiva. Citou Daniel Dantas e falou da obscura relação deste com FHC: "Vamos à verdade factual. De volta de uma de suas viagens a Cayman, DD visitou o então presidente da República, e jantou com ele no Alvorada. Dias depois, punhado exíguo de dias, FHC nomeou Luiz Leonardo Cantidiano para a CVM e demitiu em bloco a diretoria da Previ."

Para os que não se lembram do ocorrido, não só a Previ, mas, também a Funcef e a Petros, que é responsável pelos fundos de Pensão da Petrobras, foram peças-chave do esquema financeiro de Daniel Dantas para aquisição da Brasil Telecom. As operações causaram prejuízos absurdos aos fundos e supervalorizaram a participação do Opportunity, banco de investimentos de Dantas, que passou a controlar a Telefonica.
Mino aproveitou a deixa e completou: "Este é o País onde há quem diga que você não presta porque não mede um metro e oitenta, e o definem como ladrão sem incomodar-se com os verdadeiros ladrões."

A parte mais engraçada do artigo é sobre um possível encontro dos dois. No qual, Mainardi estaria em um taxi, já encostando, e Mino na calçada. Segundo o relato do jornalista, ao vê-lo, Mainardi ordenou ao taxista que continuasse. Ao que Mino escreveu: "Covarde, no entanto, ele é, como um dos patrões dele, que também fugiu faz trinta anos, para ser preciso."

O patrão em questão é Roberto Civita. Em 1976, Mino era diretor de redação da "Veja" e pediu demissão ao ser responsabilizado pelo caráter oposicionista da revista. O delato foi feito por Civita ao então ministro da Justiça, Armando Falcão. Logo após a saída de Mino, um vultoso empréstimo foi liberado pela Caixa Econômica Federal ao grupo Abril.

Este é o decadente quadro da imprensa brasileira: para agradar "padrinhos", princípios básicos, como presunção de inocência, foram deixados para trás. E o que resta, é a triste e podre guerra de factóides a la Goebbels. Terminarei, meu já prolongado comentário, com uma frase memorável do portal IG, quando fora caluniado por Mainardi: "Diogo Mainardi é bobinho. Não há como levá-lo a sério."

Aos amigos,
uma ótima semana,

Marcos André Ceciliano

segunda-feira, novembro 06, 2006

O vídeo que elegeu McCaskill no Missouri

As eleições americanas chegaram ao fim. O partido democrata saiu triunfante do pleito, conseguiu maioria na Câmara dos representantes e no Senado.

O ponto alto da eleição do Senado foi a vitória apertada de Claire McCaskill sobre Jim Talent, no Missouri. Desde junho, as pesquisas da Votemaster, apontavam grande indefinição do eleitorado. Mas, o cenário mudou quando Michael J. Fox decidiu pronunciar-se a favor de McCaskill. O ator, que é portador do mal de Parkinson, pediu votos para a democrata por ela se manifestar favoravelmente às pesquisas de célula tronco.
O vídeo foi impactante. Michael J. Fox o termina com uma frase de efeito: "O que você faz no Missouri, afeta milhões de Americanos. Americanos como eu."



Os democratas tem um grande trabalho pela frente. Mas, antes de qualquer reforma importante, precisam garantir a unidade do partido. Mesmo porque, a vitória no Senado foi muito apertada, diferença de apenas duas cadeiras.

Hillary Clinton conseguiu uma vitória histórica em New York, foi eleita para o Senado por 67% do eleitorado. E com isto, garantiu a credencial para disputar a próxima eleição à presidência pelo partido Democrata. Isso, se a nova presidente da câmara, Nancy Pelosi, não atrapalhar seus planos.

Aos meus amigos,
a demissão de Rumsfeld,

Marcos André Ceciliano