No dia 20 de janeiro de 2009, quando Barack Obama assumir o governo americano, encontrará a pior situação econômica daquela nação desde a segunda guerra mundial. Nos últimos meses, as projeções dos principais índices macroeconômicos foram revisadas drasticamente, para baixo.
Muitos economistas acreditam que a taxa de desemprego possa atingir a marca de 10% no próximo ano; também estimam que a economia perca US$ 1 trilhão de sua capacidade total, o que significaria uma perda de US$ 12 mil na renda da família média americana.
Apesar das projeções assustadoras, a equipe de Obama ainda acredita no potencial de crescimento da economia no longo prazo. Segundo Summers, planejam investimentos estratégicos em saúde, educação e infraestrutura. Por conseguinte, esperam obter um ótimo retorno social, que minimizaria o efeito da perda de renda.
Existe uma dualidade interessante aqui. As decisões econômicas devem contemplar dois cenários para serem realmente eficazes: a criação dos empregos que os americanos precisam e o estabelecimento de um macroregulatório sustentável. Caso contrário, serão perigosamente deficientes.
A equipe econômica de Barack Obama já mostrou comprometimento para com essas condições. Essa é a justificativa para a instituição do "American Recovery and Reinvestment plan", que objetiva a criação de empregos e a garantia da saúde financeira no longo prazo.
As metas de criação de empregos já foram revisadas duas vezes. Agora, a equipe do novo presidente estima 3 milhões de novos empregos. Segundo Summers, mais de 80% destes seriam criados no setor privado. Daí, chegamos a uma interessante constatação: o plano de Obama não apresenta a criação de novos empregos públicos, apenas investimentos para o povo americano.
Recursos que serão transformados em novas salas de aula, laboratórios e bibliotecas para as crianças; que reduzirão a dependência americana frente ao petróleo, no incentivo de energias alternativas; e que colocarão milhares de americanos trabalhando na renovação de estradas, pontes e sistemas públicos de trânsito.
Alguns amigos economistas acreditam que para conseguir crescimento sustentável no longo prazo, o governo Obama deveria apenas preocupar-se em aumentar o consumo. No entanto, transformar o caos atual em uma questão tão simplista, seria, indubitavelmente, uma desculpa para permitir o esmagamento da classe média americana. Algo que o novo presidente americano parece não aceitar!
Aos amigos,
um feliz ano novo,
Marcos André Ceciliano
segunda-feira, dezembro 29, 2008
sexta-feira, dezembro 19, 2008
Solução: inflação! Como assim?
Com o corte de 0,75 p.p. anunciado na última terça-feira pelo Fed, muitas pessoas devem estar questionando se os mecanismos de intervenção do BC americano chegaram ao fim. Uma ótima pergunta! Obviamente, a próxima atuação da autoridade monetária não será através de cortes de juros. No entanto, ainda há muito o que o FED possa fazer.
O que acabo de enunciar está ratificado na seguinte passagem do press release do Fed:
"The Federal Reserve will employ all available tools to promote the resumption of sustainable economic growth and to preserve price stability. In particular, the Committee anticipates that weak economic conditions are likely to warrant exceptionally low levels of the federal funds rate for some time."
A frase "for some time" é estratégica, perfeita para garantir expectativas de juros baixos a longo prazo.
O próximo desafio do FED é derrubar a retórica da "estabilidade de preços". Na verdade, o FED nunca esteve comprometido com a estabilidade de preços, ao contrário do que a maioria possa imaginar. Ainda assim, a inflação durante os mandatos de Paul Volcker e Alan Greenspan sempre tiveram médias entre 2% e 3%. Prova disso é que, durante esse período, o FED poderia ter zerado a inflação se quisesse. Com a atual crise e a profunda redução nos juros, esse zero é uma possibilidade, sem falar do risco de ocorrer deflação continuada. Hoje, o FED precisa atuar para convencer as pessoas de que essa taxa voltará ao índice "normal", entre 2% e 3%.
Elaborei abaixo uma boa sugestão para o próximo press release do FED:
"Na presente circunstância, o comitê reconhece que seria desejável uma inflação moderada sobre o nível geral de preços de uma década, que precisa ser cerca de 30% maior do que o de hoje. Por conta disso, manteremos a postura da política monetária suficientemente parcimoniosa para atingir esse grau de inflação ao longo dos próximos dez anos.
Ou seja, ainda que o FED não possa reduzir a taxa de juros nominal, poderá atuar para a redução da real, incorrendo em um modesto aumento no índice inflacionário.
Alguns podem classificar esse ato como uma mudança radical na política monetária. No entanto, dado o enfraquecimento atual da economia, um pouco de radicalismo certamente geraria algum efeito positivo. Sinceramente, prefiro o FED comprometido com o target de uma inflação modesta, do que ver o governo americano desembolsando um trilhão em novos gastos. Por essa razão, a política monetária deve ser priorizada, não a fiscal. Porque, apenas dessa maneira, a economia retornará ao pleno emprego e voltará à trajetoria de crescimento sustentável sem onerar os futuros contribuintes americanos.
O abandono da "estabilidade de preços" é o equivalente moderno ao abandono do padrão ouro por Rossevelt. Mesmo porque, dentre todas as medidas tomadas por Rossevelt para tirar a economia da recessão, o abandono do padrão ouro foi a mais bem sucedida. Hoje, a política monetária americana não é guiada pelo ouro, ou pelo medo da inflação. Por isso, os norte-americanos devem esquecer esse medo, pelo menos por um tempo. É como Jim Tobin disse certa vez: existem coisas piores que a inflação, e os EUA está infestado delas.
Aos amigos,
o novo disco do The Verve,
Marcos André Cecilino
O que acabo de enunciar está ratificado na seguinte passagem do press release do Fed:
"The Federal Reserve will employ all available tools to promote the resumption of sustainable economic growth and to preserve price stability. In particular, the Committee anticipates that weak economic conditions are likely to warrant exceptionally low levels of the federal funds rate for some time."
A frase "for some time" é estratégica, perfeita para garantir expectativas de juros baixos a longo prazo.
O próximo desafio do FED é derrubar a retórica da "estabilidade de preços". Na verdade, o FED nunca esteve comprometido com a estabilidade de preços, ao contrário do que a maioria possa imaginar. Ainda assim, a inflação durante os mandatos de Paul Volcker e Alan Greenspan sempre tiveram médias entre 2% e 3%. Prova disso é que, durante esse período, o FED poderia ter zerado a inflação se quisesse. Com a atual crise e a profunda redução nos juros, esse zero é uma possibilidade, sem falar do risco de ocorrer deflação continuada. Hoje, o FED precisa atuar para convencer as pessoas de que essa taxa voltará ao índice "normal", entre 2% e 3%.
Elaborei abaixo uma boa sugestão para o próximo press release do FED:
"Na presente circunstância, o comitê reconhece que seria desejável uma inflação moderada sobre o nível geral de preços de uma década, que precisa ser cerca de 30% maior do que o de hoje. Por conta disso, manteremos a postura da política monetária suficientemente parcimoniosa para atingir esse grau de inflação ao longo dos próximos dez anos.
Ou seja, ainda que o FED não possa reduzir a taxa de juros nominal, poderá atuar para a redução da real, incorrendo em um modesto aumento no índice inflacionário.
Alguns podem classificar esse ato como uma mudança radical na política monetária. No entanto, dado o enfraquecimento atual da economia, um pouco de radicalismo certamente geraria algum efeito positivo. Sinceramente, prefiro o FED comprometido com o target de uma inflação modesta, do que ver o governo americano desembolsando um trilhão em novos gastos. Por essa razão, a política monetária deve ser priorizada, não a fiscal. Porque, apenas dessa maneira, a economia retornará ao pleno emprego e voltará à trajetoria de crescimento sustentável sem onerar os futuros contribuintes americanos.
O abandono da "estabilidade de preços" é o equivalente moderno ao abandono do padrão ouro por Rossevelt. Mesmo porque, dentre todas as medidas tomadas por Rossevelt para tirar a economia da recessão, o abandono do padrão ouro foi a mais bem sucedida. Hoje, a política monetária americana não é guiada pelo ouro, ou pelo medo da inflação. Por isso, os norte-americanos devem esquecer esse medo, pelo menos por um tempo. É como Jim Tobin disse certa vez: existem coisas piores que a inflação, e os EUA está infestado delas.
Aos amigos,
o novo disco do The Verve,
Marcos André Cecilino
quarta-feira, dezembro 03, 2008
Os políticos de Washington não leram Keynes...
Os conflitos entre economistas e políticos viraram uma constante na crise americana. Durante a semana, o secretário do Tesouro, Henry Paulson, contestou a ajuda às montadoras em diversas entrevistas. Acabou sendo execrado por vários políticos de Washington. No entanto, Paulson está certo! O pacote geraria um dispêndio absurdo, para um resultado pífio. Elaborei a explicação abaixo para demonstrar o que acabo de enunciar.
Utilizei o modelo "demanda agregada/oferta agregada" para demonstrar o que ocorreu durante a grande depressão nos EUA, uma crise de parâmetros similares.
Começarei com uma função de produção determinando o produto em função do emprego:
Y = F(N)
De acordo com a teoria econômica, em mercados competitivos, a contratação de funcionários deve ocorrer até atingir o ponto em que o salário real se iguale ao produto marginal do trabalho. Se o contrato de trabalho derteminasse o nível de salário real, a questão estaria resolvida. Mas, como os trabalhadores estabelecem contratos utilizando salários nominais, teremos uma curva de oferta agregada em função da média do nível de preço agregado com a média de salários:
Y = S(P/W)
Pela lógica, nosso modelo mostra que o equilíbrio macroeconômico é determinado pela interseção da curva AS com a curva AD, que representa a demanda da economia. Então, teremos um diagrama como o abaixo:
Agora, suponha que um programa como o New Deal tenha elevado os salários nominais. Isso faria com que a curva AS se elevasse, o que nos levaria a um nível de preços maior e uma produção menor:
Foi assim que muitos economistas aprenderam essa lição de mercado, embora, muitos não entendam a verdadeira lógica por trás da teoria.
Então, qual é o fator crucial dessa história? Para que faça sentido, a curva de demanda agregada deve ser obrigatoriamente descendente. E por que deveria ser verdade?
Bom, em tempos normais, a curva AD é descendente. Mesmo porque, outros fatores, como alto nível de preços, aumentariam a demanda por dinheiro, algo que elevaria a taxa de juros, o que reduziria os consumo. (Em termos de IS-LM, alto P nos leva a um baixo M/P, o que desloca a LM para a esquerda)
No entanto, em condições de pouca liquidez, a taxa de juros do mercado não é afetada na margem pela oferta ou demanda de dinheiro. E como resultado, chegamos à conclusão de que a prerrogativa de uma curva AD descendente perde a validade. Sei que alguns economistas apelarão para o efeito Pigou. Mas, estarão esquecendo de levar em conta a dívida-deflação de Fisher. Por conseguinte, chegamos à conclusão de que, em condições de pouca liquidez, a curva AD está mais para ascendente do que para descendente.
E na década de 30, os EUA estavam com pouca liquidez, com a taxa de juros "3-month T-bills" em apenas 0,14%.
Levando a questão ao extremo, apenas para facilitar, terminaremos o modelo com uma curva AD vertical. Então, a figura ficaria assim:
Por conta disso, não existe efeito adverso para a produção com a elevação do salário.
Então, chegamos à conclusão de que o problema de liquidez teve implicações cruciais para o efeito de políticas como o NIRA. Os críticos ao New Deal assumiram, implicitamente, que a curva AD teve uma inclinação "normal", mesmo nos períodos mais graves de recessão. E isso não aconteceu!
Essa é a argumentação dos que defendem o programa de ajuda às montadoras.
No entanto, esse pensamento é falho. Não estão levando em conta que a demanda agregada depende de uma váriavel amorfa: confiança. Qualquer fator que ameace a oferta agregada no longo prazo, muito provavelmente, reduzirá a confiança da demanda agregada no curto prazo. Assim, a política deslocaria a curva AD, bem como a curva AS, em direções contrárias.
Por essa razão, o governo americano não deveria criar pacotes de ajuda às montadoras. Não faz sentido financiar perdas de um setor como esse. Mais uma vez, uma montanha de dinheiro do contribuinte americano será desperdiçada!
Aos amigos,
o último disco do Zeca Baleiro,
Marcos André Ceciliano
Utilizei o modelo "demanda agregada/oferta agregada" para demonstrar o que ocorreu durante a grande depressão nos EUA, uma crise de parâmetros similares.
Começarei com uma função de produção determinando o produto em função do emprego:
Y = F(N)
De acordo com a teoria econômica, em mercados competitivos, a contratação de funcionários deve ocorrer até atingir o ponto em que o salário real se iguale ao produto marginal do trabalho. Se o contrato de trabalho derteminasse o nível de salário real, a questão estaria resolvida. Mas, como os trabalhadores estabelecem contratos utilizando salários nominais, teremos uma curva de oferta agregada em função da média do nível de preço agregado com a média de salários:
Y = S(P/W)
Pela lógica, nosso modelo mostra que o equilíbrio macroeconômico é determinado pela interseção da curva AS com a curva AD, que representa a demanda da economia. Então, teremos um diagrama como o abaixo:
Agora, suponha que um programa como o New Deal tenha elevado os salários nominais. Isso faria com que a curva AS se elevasse, o que nos levaria a um nível de preços maior e uma produção menor:
Foi assim que muitos economistas aprenderam essa lição de mercado, embora, muitos não entendam a verdadeira lógica por trás da teoria.
Então, qual é o fator crucial dessa história? Para que faça sentido, a curva de demanda agregada deve ser obrigatoriamente descendente. E por que deveria ser verdade?
Bom, em tempos normais, a curva AD é descendente. Mesmo porque, outros fatores, como alto nível de preços, aumentariam a demanda por dinheiro, algo que elevaria a taxa de juros, o que reduziria os consumo. (Em termos de IS-LM, alto P nos leva a um baixo M/P, o que desloca a LM para a esquerda)
No entanto, em condições de pouca liquidez, a taxa de juros do mercado não é afetada na margem pela oferta ou demanda de dinheiro. E como resultado, chegamos à conclusão de que a prerrogativa de uma curva AD descendente perde a validade. Sei que alguns economistas apelarão para o efeito Pigou. Mas, estarão esquecendo de levar em conta a dívida-deflação de Fisher. Por conseguinte, chegamos à conclusão de que, em condições de pouca liquidez, a curva AD está mais para ascendente do que para descendente.
E na década de 30, os EUA estavam com pouca liquidez, com a taxa de juros "3-month T-bills" em apenas 0,14%.
Levando a questão ao extremo, apenas para facilitar, terminaremos o modelo com uma curva AD vertical. Então, a figura ficaria assim:
Por conta disso, não existe efeito adverso para a produção com a elevação do salário.
Então, chegamos à conclusão de que o problema de liquidez teve implicações cruciais para o efeito de políticas como o NIRA. Os críticos ao New Deal assumiram, implicitamente, que a curva AD teve uma inclinação "normal", mesmo nos períodos mais graves de recessão. E isso não aconteceu!
Essa é a argumentação dos que defendem o programa de ajuda às montadoras.
No entanto, esse pensamento é falho. Não estão levando em conta que a demanda agregada depende de uma váriavel amorfa: confiança. Qualquer fator que ameace a oferta agregada no longo prazo, muito provavelmente, reduzirá a confiança da demanda agregada no curto prazo. Assim, a política deslocaria a curva AD, bem como a curva AS, em direções contrárias.
Por essa razão, o governo americano não deveria criar pacotes de ajuda às montadoras. Não faz sentido financiar perdas de um setor como esse. Mais uma vez, uma montanha de dinheiro do contribuinte americano será desperdiçada!
Aos amigos,
o último disco do Zeca Baleiro,
Marcos André Ceciliano
segunda-feira, outubro 06, 2008
Prefeitura sem prefeito...
Prefeitura sem prefeito
Nessa vida atroz e dura
Tudo pode acontecer
Muito breve há de se ver
Prefeito sem prefeitura;
Vejo que alguém me censura
E não fica satisfeito
Porém, eu ando sem jeito,
Sem esperança e sem fé,
Por ver no meu Assaré
Prefeitura sem prefeito.
Por não ter literatura,
Nunca pude discernir
Se poderá existir
Prefeito sem prefeitura.
Porém, mesmo sem leitura,
Sem nenhum curso ter feito,
Eu conheço do direito
E sem lição de ninguém
Descobri onde é que tem
Prefeitura sem prefeito.
Ainda que alguém me diga
Que viu um mudo falando
Um elefante dançando
No lombo de uma formiga,
Não me causará intriga,
Escutarei com respeito,
Não mentiu este sujeito.
Muito mais barbaridade
É haver numa cidade
Prefeitura sem prefeito.
Não vou teimar com quem diz
Que viu ferro dar azeite,
Um avestruz dando leite
E pedra criar raiz,
Ema apanhar de perdiz
Um rio fora do leito,
Um aleijão sem defeito
E um morto declarar guerra,
Porque vejo em minha terra
Prefeitura sem prefeito.
O eterno poeta,
Patativa do Assaré.
quarta-feira, julho 16, 2008
Pragmatismo econômico...
Não é fácil chegar a um alto cargo econômico em Washington, disso ninguém duvida. E não estou falando dos secretários de comércio e trabalho, que praticamente desapareceram desde o início da crise subprime. Falo de Ben Bernanke e Hank Paulson, que após uma semana de muitas discussões, apresentaram seu melhor plano para salvar Fannie Mae e Freddie Mac. E quem gostou? Ninguém. (Meu artigo anterior explica o plano)
Sem dúvida, os dois economistas não formam uma dupla óbvia. Primeiro, lá está Bernanke, o acadêmico que virou presidente do FED pelas vias de Princeton. Do outro lado, Paulson, o banqueiro que virou secretário do tesouro através da Goldman Sachs. Caminhos bem diferentes.
No entanto, eles tem algo em comum: pragmatismo. Eles encaram um problema de frente e se dedicam a resolvê-lo. Pelo bem da economia e para agradar a seus partidos políticos. Porém, o pragmatismo deles anda fugindo do que rege o senso econômico comum.
Alguns democratas acham que o governo está financiando o passeio dos ricos. No mesmo sentido, republicanos denunciam que o governo Bush virou socialista. Ambos os lados estão querendo mostrar aos eleitores que são conscientes, já pensando nas eleições de novembro, se recusando a dar a Bernanke e Paulson um cheque em branco. O problema, como Paulson corretamente explicou, é que um cheque em branco é a melhor proteção em tempos de incerteza. As perguntas que não querem calar são: o pragmatismo de Paulson e Bernanke vencerá? Deveria?
Aos amigos,
a falta de senso de meus detratores,
Marcos André Ceciliano
Sem dúvida, os dois economistas não formam uma dupla óbvia. Primeiro, lá está Bernanke, o acadêmico que virou presidente do FED pelas vias de Princeton. Do outro lado, Paulson, o banqueiro que virou secretário do tesouro através da Goldman Sachs. Caminhos bem diferentes.
No entanto, eles tem algo em comum: pragmatismo. Eles encaram um problema de frente e se dedicam a resolvê-lo. Pelo bem da economia e para agradar a seus partidos políticos. Porém, o pragmatismo deles anda fugindo do que rege o senso econômico comum.
Alguns democratas acham que o governo está financiando o passeio dos ricos. No mesmo sentido, republicanos denunciam que o governo Bush virou socialista. Ambos os lados estão querendo mostrar aos eleitores que são conscientes, já pensando nas eleições de novembro, se recusando a dar a Bernanke e Paulson um cheque em branco. O problema, como Paulson corretamente explicou, é que um cheque em branco é a melhor proteção em tempos de incerteza. As perguntas que não querem calar são: o pragmatismo de Paulson e Bernanke vencerá? Deveria?
Aos amigos,
a falta de senso de meus detratores,
Marcos André Ceciliano
segunda-feira, julho 14, 2008
O socialismo de Wall Street...
No início da semana, o secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, ex-presidente do Goldman Sachs Investment, proporcionou ao mercado uma perfeita demonstração do socialismo de Wall Street.
Paulson anunciou que a administração Bush buscaria a aprovação do congresso para colocar em prática um pacote emergencial com o intuito de salvar Fanny Mae e Freddy Mac, empresas criadas pelo governo, mas, que foram privatizadas. Durante anos, as duas instituições realizaram lucros através da garantia de títulos no mercado mortgage americano; e possuem hoje algo em torno de 5 trilhões em dívidas. Para mostrar que a solução é de longo prazo, o secretário do tesouro ainda disse que garantirá uma linha de crédito ilimitada para garantir esses débitos. O Federal Reserve anunciou que liberará os recursos assim que o congresso se manifeste.
Criadas pelo governo na década de 30, com o objetivo de dar liquidez ao mercado, essas empresas multiplicaram o capital das instituições intermediárias, atuando na compra de mortgages dos bancos. Esse foi o grande problema. Dessa forma, as mesmas realizaram mais mortgages do que suas garantias iniciais. Para completar o caos, ficou estabelecido que Fanny e Freddy teriam acesso a empréstimos com desconto, diretamente do tesouro, caso enfrentassem qualquer tipo de problemas financeiros. Suas operações eram reguladas, limitadas por lei que detalhava quais mortgages elas poderiam assumir.
Mas, como essas empresas cresceram e lucraram, seus executivos começaram a embolsar salários e bônus absurdos, dando a elas incentivos para crescer mais. Foi quando começaram a aceitar mortgages que não faziam parte do pacote regulamentado pelo governo.
Só para termos uma idéia, o presidente da Freddie Mac recebeu US$18.289.575 em vencimentos no ano passado. O CEO da Fannie Mae, Daniel Mudd, conseguiu um aumento de 7%, o que lhe garantiu um vencimento de US$13,4 milhões em 2007. No entanto, a empresa perdeu US$ 2,1 bilhões e suas ações caíram 33% no mesmo período. Ótimos empregos, sem dúvida!
Como o cenário de prejuízo não mudou no primeiro semestre de 2008, a administração Bush apresenta agora uma proposta de garantia federal para recapitalizar os dois bancos. Ou seja, estamos falando de um tipo de "socialização", que exclui lucros e altos vencimentos de executivos dos bancos.
Isso mesmo! Se as garantias funcionarem, os grandes especuladores, que fizeram despencar as ações, lucrarão fortunas com a alta. E o CEO do banco continuará a embolsar salários multimilionários. Chamo isso de socialismo de Wall Street. O lema é: suas perdas serão socializadas; seus lucros podem ser embolsados! No fim, os cidadãos americanos pagarão pela falta de capacidade gerencial das instituições.
As perguntas que não querem calar são: por que pagar dividendos a acionistas uma vez que estão utilizando dinheiro público? Por que pagar a CEO's de empresas públicas o mesmo que ganham especuladores de Wall Street?
Essas empresas estão funcionando com o dinheiro do povo americano, literalmente. Então, por que não nacionalizá-las? É verdade que o governo teria de injetar US$5 trilhões para saldar a dívida na balança de pagamentos, algo substancial. No entanto, grande parte desta quantia poderia ser amenizada com a venda de alguns ativos das instituições. E, a exemplo de outras empresas públicas dos EUA, estas poderiam ser muito bem administradas, respeitando riscos e fundamentos econômicos.
Fannie Mae e Freddy Mac são apenas o mais recente caso do socialismo de Wall Street. O Governo Bush fez o mesmo com as empresas que financiavam empréstimos de bolsas universitárias. O Federal Reserve está atuando além de sua função, fazendo com que o dinheiro de impostos garanta, não apenas a saúde dos bancos que estão sob sua regulação, mas, também, a dos fundos de hedge e financiadoras de casas, que não fazem parte do seu portfólio de proteção.
Depois da quebra da Bear Sterns, o governo americano está literalmente "apostando" o dinheiro do contribuinte. O FED já trocou mais de US$500 bilhões em títulos federais por papéis sem garantia de bancos privados e financiadoras de imóveis. Quase US$200 bilhões só em títulos mortgage.
De certa forma, faz sentido que o governo subsidie mortgages e empréstimos para bolsas universitárias. Encorajar a compra de casas e manter o alto nível educacional sempre foram os pilares centrais do desenvolvimento americano. Incentivo mais do que aplaudido pela classe média.
Só não entendo como permitem que banqueiros e investidores ganhem alto na recuperação desses papéis, ainda mais quando se financiam com o dinheiro público, enquanto o tesouro paga suas perdas. Nacionalizar empresas é um processo complicado e burocrático, mas, tenho a certeza de que seria mais barato e eficiente do que as práticas socialistas de Wall Street.
Aos amigos,
o novo disco de Carla Bruni,
Marcos André Ceciliano
Paulson anunciou que a administração Bush buscaria a aprovação do congresso para colocar em prática um pacote emergencial com o intuito de salvar Fanny Mae e Freddy Mac, empresas criadas pelo governo, mas, que foram privatizadas. Durante anos, as duas instituições realizaram lucros através da garantia de títulos no mercado mortgage americano; e possuem hoje algo em torno de 5 trilhões em dívidas. Para mostrar que a solução é de longo prazo, o secretário do tesouro ainda disse que garantirá uma linha de crédito ilimitada para garantir esses débitos. O Federal Reserve anunciou que liberará os recursos assim que o congresso se manifeste.
Criadas pelo governo na década de 30, com o objetivo de dar liquidez ao mercado, essas empresas multiplicaram o capital das instituições intermediárias, atuando na compra de mortgages dos bancos. Esse foi o grande problema. Dessa forma, as mesmas realizaram mais mortgages do que suas garantias iniciais. Para completar o caos, ficou estabelecido que Fanny e Freddy teriam acesso a empréstimos com desconto, diretamente do tesouro, caso enfrentassem qualquer tipo de problemas financeiros. Suas operações eram reguladas, limitadas por lei que detalhava quais mortgages elas poderiam assumir.
Mas, como essas empresas cresceram e lucraram, seus executivos começaram a embolsar salários e bônus absurdos, dando a elas incentivos para crescer mais. Foi quando começaram a aceitar mortgages que não faziam parte do pacote regulamentado pelo governo.
Só para termos uma idéia, o presidente da Freddie Mac recebeu US$18.289.575 em vencimentos no ano passado. O CEO da Fannie Mae, Daniel Mudd, conseguiu um aumento de 7%, o que lhe garantiu um vencimento de US$13,4 milhões em 2007. No entanto, a empresa perdeu US$ 2,1 bilhões e suas ações caíram 33% no mesmo período. Ótimos empregos, sem dúvida!
Como o cenário de prejuízo não mudou no primeiro semestre de 2008, a administração Bush apresenta agora uma proposta de garantia federal para recapitalizar os dois bancos. Ou seja, estamos falando de um tipo de "socialização", que exclui lucros e altos vencimentos de executivos dos bancos.
Isso mesmo! Se as garantias funcionarem, os grandes especuladores, que fizeram despencar as ações, lucrarão fortunas com a alta. E o CEO do banco continuará a embolsar salários multimilionários. Chamo isso de socialismo de Wall Street. O lema é: suas perdas serão socializadas; seus lucros podem ser embolsados! No fim, os cidadãos americanos pagarão pela falta de capacidade gerencial das instituições.
As perguntas que não querem calar são: por que pagar dividendos a acionistas uma vez que estão utilizando dinheiro público? Por que pagar a CEO's de empresas públicas o mesmo que ganham especuladores de Wall Street?
Essas empresas estão funcionando com o dinheiro do povo americano, literalmente. Então, por que não nacionalizá-las? É verdade que o governo teria de injetar US$5 trilhões para saldar a dívida na balança de pagamentos, algo substancial. No entanto, grande parte desta quantia poderia ser amenizada com a venda de alguns ativos das instituições. E, a exemplo de outras empresas públicas dos EUA, estas poderiam ser muito bem administradas, respeitando riscos e fundamentos econômicos.
Fannie Mae e Freddy Mac são apenas o mais recente caso do socialismo de Wall Street. O Governo Bush fez o mesmo com as empresas que financiavam empréstimos de bolsas universitárias. O Federal Reserve está atuando além de sua função, fazendo com que o dinheiro de impostos garanta, não apenas a saúde dos bancos que estão sob sua regulação, mas, também, a dos fundos de hedge e financiadoras de casas, que não fazem parte do seu portfólio de proteção.
Depois da quebra da Bear Sterns, o governo americano está literalmente "apostando" o dinheiro do contribuinte. O FED já trocou mais de US$500 bilhões em títulos federais por papéis sem garantia de bancos privados e financiadoras de imóveis. Quase US$200 bilhões só em títulos mortgage.
De certa forma, faz sentido que o governo subsidie mortgages e empréstimos para bolsas universitárias. Encorajar a compra de casas e manter o alto nível educacional sempre foram os pilares centrais do desenvolvimento americano. Incentivo mais do que aplaudido pela classe média.
Só não entendo como permitem que banqueiros e investidores ganhem alto na recuperação desses papéis, ainda mais quando se financiam com o dinheiro público, enquanto o tesouro paga suas perdas. Nacionalizar empresas é um processo complicado e burocrático, mas, tenho a certeza de que seria mais barato e eficiente do que as práticas socialistas de Wall Street.
Aos amigos,
o novo disco de Carla Bruni,
Marcos André Ceciliano
terça-feira, junho 24, 2008
O que esperar da OGX?
As sucessivas altas no preço da ação OGXP3, da empresa de petróleo de Eike Batista, são uma incógnita. O IPO da OGX, lançado no último dia 13, foi regido por regras não muito usuais, como o mínimo de R$ 200 mil em aporte.
A empresa, criada ano passado, ainda não começou a prospectar e até agora não tem reservas provadas. Hoje, sua estrutura conta com menos de 100 funcionários. Apesar disso, sua proposta inicial captou US$3,6 bilhões, igualando seu valor de mercado ao da Google quando abriu seu capital, em 2004.
A idéia para a criação da empresa aparentemente veio de Eike, enquanto discutia os termos da divisão dos campos existentes. O monopólio da Petrobras terminou em 1996, mas, nunca existiu competitividade após essa data. Mesmo porque, a empresa sempre aproveitou sua posição dominante para persuadir os competidores potenciais a trabalharem em parceria, ao invés de criarem empresas concorrentes dentro do país.
Então, Eike pensou: Por que não posso contratar esse pessoal da Petrobras, que é tão bom em achar petróleo, pagar mais do que estão acostumados e utilizar seus conhecimentos para decidir quais direitos de exploração devo comprar.
Para isso, o empresário investiu US$ 300 milhões do próprio bolso e levantou US$ 1 bilhão de terceiros. Então, em novembro, a Petrobras anunciou que havia encontrado um novo campo de petróleo em águas profundas e o chamou de Tupi. Alguns chegaram a pensar que o anúncio foi antecipado para impedir uma possível participação da OGX no leilão de direitos de exploração.
Determinado, Eike investiu US$ 100 milhões em pesquisa e fez propostas altíssimas por outros blocos de exploração. Alguns dizem que ele pagou muito. Mas, com o lançamento do IPO, seus investidores já conseguiram 4 vezes o que investiram, em menos de um ano.
O mais interessante é que a OGX não teve que extrair nenhum litro de petróleo para conseguir esse aporte. E se a exploração resultar em reservas reais, Eike provavelmente conseguirá atrair grandes investidores. Tudo indica que ele seguirá o precedente da MMX, empresa de ferro de seu grupo, que abriu capital em 2006. Eike vendeu metade do portfolio da MMX para a Anglo American, pouco depois de um ano. O valor chegou a US$5,5 bilhões, antes de se ter extraído qualquer minério.
No entanto, seu recente sucesso não seria possível sem nosso vigoroso mercado de capitais, que cresceu enormemente na última década. O Brasil recentemente conseguiu o Investment grade pela Standard & Poor's e pela Fitch, duas agências de classificação de risco, o que facilitou a tarefa de se vender algo aqui para estrangeiros. E não podemos esquecer que qualquer coisa que Eike tenha feito recentemente foi ajudada pelo alto preço das commodities.
Mesmo porque, a história do empresário guarda algo do Brasil antigo, que misturava política, influência e firmas controladas pelo estado. Seu pai foi Ministro de Minas e depois participou da criação do que hoje conhecemos como Vale, uma das maiores empresas de mineração do mundo. Os contatos de seu pai o lançaram no negócio de mineração. É evidente que todo esse know-how lhe deu várias vantagens comparativas.
Mas, uma coisa é certa: se Eike tiver coragem para sacudir o mercado de exploração de petróleo no Brasil, que é dominado por uma única gigante, será algo muito proveitoso para toda a economia.
Aos amigos,
a genialidade de Greenspan,
Marcos André Ceciliano
A empresa, criada ano passado, ainda não começou a prospectar e até agora não tem reservas provadas. Hoje, sua estrutura conta com menos de 100 funcionários. Apesar disso, sua proposta inicial captou US$3,6 bilhões, igualando seu valor de mercado ao da Google quando abriu seu capital, em 2004.
A idéia para a criação da empresa aparentemente veio de Eike, enquanto discutia os termos da divisão dos campos existentes. O monopólio da Petrobras terminou em 1996, mas, nunca existiu competitividade após essa data. Mesmo porque, a empresa sempre aproveitou sua posição dominante para persuadir os competidores potenciais a trabalharem em parceria, ao invés de criarem empresas concorrentes dentro do país.
Então, Eike pensou: Por que não posso contratar esse pessoal da Petrobras, que é tão bom em achar petróleo, pagar mais do que estão acostumados e utilizar seus conhecimentos para decidir quais direitos de exploração devo comprar.
Para isso, o empresário investiu US$ 300 milhões do próprio bolso e levantou US$ 1 bilhão de terceiros. Então, em novembro, a Petrobras anunciou que havia encontrado um novo campo de petróleo em águas profundas e o chamou de Tupi. Alguns chegaram a pensar que o anúncio foi antecipado para impedir uma possível participação da OGX no leilão de direitos de exploração.
Determinado, Eike investiu US$ 100 milhões em pesquisa e fez propostas altíssimas por outros blocos de exploração. Alguns dizem que ele pagou muito. Mas, com o lançamento do IPO, seus investidores já conseguiram 4 vezes o que investiram, em menos de um ano.
O mais interessante é que a OGX não teve que extrair nenhum litro de petróleo para conseguir esse aporte. E se a exploração resultar em reservas reais, Eike provavelmente conseguirá atrair grandes investidores. Tudo indica que ele seguirá o precedente da MMX, empresa de ferro de seu grupo, que abriu capital em 2006. Eike vendeu metade do portfolio da MMX para a Anglo American, pouco depois de um ano. O valor chegou a US$5,5 bilhões, antes de se ter extraído qualquer minério.
No entanto, seu recente sucesso não seria possível sem nosso vigoroso mercado de capitais, que cresceu enormemente na última década. O Brasil recentemente conseguiu o Investment grade pela Standard & Poor's e pela Fitch, duas agências de classificação de risco, o que facilitou a tarefa de se vender algo aqui para estrangeiros. E não podemos esquecer que qualquer coisa que Eike tenha feito recentemente foi ajudada pelo alto preço das commodities.
Mesmo porque, a história do empresário guarda algo do Brasil antigo, que misturava política, influência e firmas controladas pelo estado. Seu pai foi Ministro de Minas e depois participou da criação do que hoje conhecemos como Vale, uma das maiores empresas de mineração do mundo. Os contatos de seu pai o lançaram no negócio de mineração. É evidente que todo esse know-how lhe deu várias vantagens comparativas.
Mas, uma coisa é certa: se Eike tiver coragem para sacudir o mercado de exploração de petróleo no Brasil, que é dominado por uma única gigante, será algo muito proveitoso para toda a economia.
Aos amigos,
a genialidade de Greenspan,
Marcos André Ceciliano
Sobre a denúncia...
Gostaria de fazer algumas considerações quanto às reportagens publicadas nos jornais "O Dia" (página 11) , "Extra" (página 17) e "O Globo" (página 14), que citam o nome do meu tio em uma denúncia contra o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias.
Começarei pelo texto da matéria, que diz o seguinte: "O procurador-geral de justiça, Marfan Vieira, denunciou ontem o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), e o ex-prefeito de Paracambi, André Ceciliano (PT), além de outras seis pessoas, por crime de fraude em licitação. O grupo é acusado de beneficiar a empresa Supernova Mídia e Comunicação, que, em 2005, venceu uma concorrência pública em Nova Iguaçu, no valor de R$ 600 mil."
Não entrarei no mérito da lide. Mesmo porque, desconheço o trâmite licitatório da prefeitura de Nova Iguaçu. No entanto, gostaria de evidenciar o absurdo sobre o envolvimento do meu tio no caso.
Segundo a denúncia, não existe ligação direta entre André Ceciliano e o caso, e esse trecho está presente em todas as notas jornalísticas: "Ceciliano foi denunciado por ter sido, em 2005, secretário de governo de Lindberg". A citação por si só já é absurda. Como alguém pode ser denunciado unicamente por exercer um cargo público? Pior, em uma função que não tinha nenhuma ingerência sobre a Comissão de Licitação, responsável pelo processo em questão. Isso é uma arbitrariedade sem precedentes.
Infelizmente, o que percebo é um oportunismo eleitoral descarado: a chance de prejudicar duas candidaturas do PT no estado. Gostaria de pensar o contrário, de acreditar na benevolência do MP. Mas, da forma como foi apresentada a denúncia, quando finda o prazo para registro de campanha, é muito difícil.
Para corroborar com o que acabo de escrever, segue um questionamento de grande relevância, levantado pela assessoria de imprensa do prefeito Lindberg: "A empresa concorrente (derrotada no processo de licitação), a Identgraf Design e Impressos, prestou serviços às administrações anteriores durante oito anos seguidos - nas gestões dos prefeitos Nelson Bornier e Mário Marques. Durante todo o período em que trabalhou na prefeitura, a Identgraf teve seus contratos renovados automaticamente, em licitações que - estas sim - deveriam ter sido objeto de investigação do MP e jamais o foram."
Só espero que, quando do esclarecimento do caso, os jornais que publicaram a denúncia tenham a decência de limpar o nome do meu tio com a mesma publicidade que o mancharam.
Aos amigos,
o ano da França no Brasil,
Marcos André Ceciliano
Começarei pelo texto da matéria, que diz o seguinte: "O procurador-geral de justiça, Marfan Vieira, denunciou ontem o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), e o ex-prefeito de Paracambi, André Ceciliano (PT), além de outras seis pessoas, por crime de fraude em licitação. O grupo é acusado de beneficiar a empresa Supernova Mídia e Comunicação, que, em 2005, venceu uma concorrência pública em Nova Iguaçu, no valor de R$ 600 mil."
Não entrarei no mérito da lide. Mesmo porque, desconheço o trâmite licitatório da prefeitura de Nova Iguaçu. No entanto, gostaria de evidenciar o absurdo sobre o envolvimento do meu tio no caso.
Segundo a denúncia, não existe ligação direta entre André Ceciliano e o caso, e esse trecho está presente em todas as notas jornalísticas: "Ceciliano foi denunciado por ter sido, em 2005, secretário de governo de Lindberg". A citação por si só já é absurda. Como alguém pode ser denunciado unicamente por exercer um cargo público? Pior, em uma função que não tinha nenhuma ingerência sobre a Comissão de Licitação, responsável pelo processo em questão. Isso é uma arbitrariedade sem precedentes.
Infelizmente, o que percebo é um oportunismo eleitoral descarado: a chance de prejudicar duas candidaturas do PT no estado. Gostaria de pensar o contrário, de acreditar na benevolência do MP. Mas, da forma como foi apresentada a denúncia, quando finda o prazo para registro de campanha, é muito difícil.
Para corroborar com o que acabo de escrever, segue um questionamento de grande relevância, levantado pela assessoria de imprensa do prefeito Lindberg: "A empresa concorrente (derrotada no processo de licitação), a Identgraf Design e Impressos, prestou serviços às administrações anteriores durante oito anos seguidos - nas gestões dos prefeitos Nelson Bornier e Mário Marques. Durante todo o período em que trabalhou na prefeitura, a Identgraf teve seus contratos renovados automaticamente, em licitações que - estas sim - deveriam ter sido objeto de investigação do MP e jamais o foram."
Só espero que, quando do esclarecimento do caso, os jornais que publicaram a denúncia tenham a decência de limpar o nome do meu tio com a mesma publicidade que o mancharam.
Aos amigos,
o ano da França no Brasil,
Marcos André Ceciliano
segunda-feira, junho 23, 2008
Ma che schifo, Donadoni!
Decepção! Existem poucas palavras que descreveriam com tanta perfeição o sentimento do torcedor italiano no último jogo da Azzurra pela Eurocopa. A manchete do jornal italiano 'Corriere della Sera' nessa segunda não poderia ser mais precisa: "Quarta di finale, errori decisivi di De Rossi e Di Natale".
A seleção italiana estava fadada ao fracasso já na escalação. Qual a razão de se escalar Luca Toni como titular e deixar um ótimo armador como Del Piero no banco? Não há sentido nisso. Algo assim, só podia vir da cabeça de Donadoni.
Como prefiro ouvir a narração em italiano, sempre assisto os jogos da Azzura pela RAI. Uma prática que adotei há muito, para melhorar a interação com a língua. Como já era de se esperar, nenhum comentarista perdoou Donadoni. A reclamação em relação a escalação foi uma constante durante toda a partida.
Aqueles que acompanharam o embate entre Rússia e Holanda, garanto, não sentiram nenhuma emoção ao assistir o tempo regulamentar de Itália e Espanha. Os dois times estiveram retraídos, com poucas criações ofensivas. Muita raramente, surgia um contra-ataque tímido. O saudosismo tomou conta dos narradores nesse momento, os nomes de Maldini e Totti eram lembrados a todo instante.
A prorrogação também foi pífia, sem emoção alguma. Quando chegou a hora dos penalties, ainda me sobrou um acesso de alegria. Afinal, Buffon é melhor goleiro que Casillas. No entanto, esse sentimento durou até a cobrança de De Rossi, que desperdiçou. Marcos Senna e Camoranesi marcaram. É o fim, pensei. Mas, eis que surge Buffon e defende a cobrança de Guiza. Nesse momento, voltei a acreditar. O comentarista gritava: "Forza Azzurri! Avante!". De certa forma, foi contagiante.
Então, Di Natale cobrou e desperdiçou. A Espanha ficou com a vantagem novamente. Nesse momento, só restava uma cobrança. Nem adiantava esperar um milagre de Buffon, já que o cobrador era Fabregas. E assim, terminou a participação da Itália na Eurocopa 2008. Culpa de quem? Donadoni, Di Natale e De Rossi. Ma che schifo!
Aos amigos,
Coldplay,
Marcos André Ceciliano
A seleção italiana estava fadada ao fracasso já na escalação. Qual a razão de se escalar Luca Toni como titular e deixar um ótimo armador como Del Piero no banco? Não há sentido nisso. Algo assim, só podia vir da cabeça de Donadoni.
Como prefiro ouvir a narração em italiano, sempre assisto os jogos da Azzura pela RAI. Uma prática que adotei há muito, para melhorar a interação com a língua. Como já era de se esperar, nenhum comentarista perdoou Donadoni. A reclamação em relação a escalação foi uma constante durante toda a partida.
Aqueles que acompanharam o embate entre Rússia e Holanda, garanto, não sentiram nenhuma emoção ao assistir o tempo regulamentar de Itália e Espanha. Os dois times estiveram retraídos, com poucas criações ofensivas. Muita raramente, surgia um contra-ataque tímido. O saudosismo tomou conta dos narradores nesse momento, os nomes de Maldini e Totti eram lembrados a todo instante.
A prorrogação também foi pífia, sem emoção alguma. Quando chegou a hora dos penalties, ainda me sobrou um acesso de alegria. Afinal, Buffon é melhor goleiro que Casillas. No entanto, esse sentimento durou até a cobrança de De Rossi, que desperdiçou. Marcos Senna e Camoranesi marcaram. É o fim, pensei. Mas, eis que surge Buffon e defende a cobrança de Guiza. Nesse momento, voltei a acreditar. O comentarista gritava: "Forza Azzurri! Avante!". De certa forma, foi contagiante.
Então, Di Natale cobrou e desperdiçou. A Espanha ficou com a vantagem novamente. Nesse momento, só restava uma cobrança. Nem adiantava esperar um milagre de Buffon, já que o cobrador era Fabregas. E assim, terminou a participação da Itália na Eurocopa 2008. Culpa de quem? Donadoni, Di Natale e De Rossi. Ma che schifo!
Aos amigos,
Coldplay,
Marcos André Ceciliano
Uma lição para o Brasil...
Na semana passada, foi divulgado o Ideb (Indicador de Desenvolvimento da Educação Básica) de todos os municípios do país. Existem dois fatores para a determinação do índice: informações sobre rendimento escolar (aprovação, reprovação e abandono); e informações sobre o desempenho dos estudantes no Saeb e na Prova Brasil.
Os dados estão disponíveis no site do Ministério da Educação. Para se ter acesso ao resultado de um município, existe um formulário de consulta individual. O que não é muito prático para análises globais. Como o meu resto de domingo não estava muito animador após a derrota da Itália, decidi que faria as consultas individuais dos 92 municípios do estado do RJ e realizaria uma análise comparativa.
Segue abaixo a tabela resumida com o resultado (1ª a 4ª série) da região metropolitana.
As conclusões mais significativas que pude inferir foram:
- Em relação ao consolidado de 2007, Paracambi e Rio de Janeiro são as cidades da região metropolitana do estado com a classificação mais alta do Ideb: 4,5.
- No entanto, vale ressaltar que Paracambi havia registrado 3,4 em 2005. Com os 4,5 de 2007, obteve uma taxa de crescimento de 32,35%. De acordo com a meta projetada, Paracambi deveria alcançar esse resultado apenas em 2013.
- A cidade do Rio de Janeiro havia registrado 4,2 em 2005. Com os 4,5 de 2007, obteve uma taxa de crescimento de 7,14%. De acordo com a meta registrada, a cidade do Rio de Janeiro deveria alcançar esse resultado apenas em 2009.
Segue abaixo a tabela resumida com o resultado (5ª a 8ª série) da região metropolitana.
As conclusões que pude inferir foram as seguintes:
- Em relação ao consolidado de 2007, Paracambi ficou em 3º lugar na lista da região metropolitana do estado. O município, que havia registrado 3,5 em 2005, atingiu 3,8 em 2007. Uma taxa de crescimento de 8,57%. De acordo com a meta projetada, Paracambi deveria alcançar esse resultado apenas em 2011.
- A cidade do Rio de Janeiro ficou em primeiro lugar, atingindo um ideb de 4,3. Maricá conseguiu a segunda posição, com a nota 3,9.
- Ainda assim, existe uma ressalva interessante: a cidade do Rio de Janeiro e a cidade de Maricá possuem aprovação automática, o que influencia diretamente o índice, já que "aprovação" é umas das componentes de avaliação.
Essas foram análises frias, sem muito aprofundamento. Como sou suspeito a emitir opinião sobre a educação básica de Paracambi, ficarei com a beleza do índice, que mostra a seriedade com que tratamos o ensino de nossas crianças. Parabéns aos professores e ao governo André Ceciliano.
Aos amigos,
a vitória de Massa na França,
Marcos André Ceciliano
Os dados estão disponíveis no site do Ministério da Educação. Para se ter acesso ao resultado de um município, existe um formulário de consulta individual. O que não é muito prático para análises globais. Como o meu resto de domingo não estava muito animador após a derrota da Itália, decidi que faria as consultas individuais dos 92 municípios do estado do RJ e realizaria uma análise comparativa.
Segue abaixo a tabela resumida com o resultado (1ª a 4ª série) da região metropolitana.
Observado | Taxa de | |||
Município | 2005 | 2007 | crescimento | |
1 | Paracambi | 3,4 | 4,5 | 32,35% |
2 | Rio de Janeiro | 4,2 | 4,5 | 7,14% |
3 | Niterói | 3,9 | 4,4 | 12,82% |
4 | Maricá | 3,9 | 4,3 | 10,26% |
5 | Mangaratiba | 4,1 | 3,9 | -4,88% |
6 | Mesquita | 3,7 | 3,9 | 5,41% |
7 | Nilópolis | 3 | 3,9 | 30,00% |
8 | Nova Iguaçu | 3,6 | 3,9 | 8,33% |
9 | Queimados | 3,7 | 3,9 | 5,41% |
10 | Itaboraí | 3,6 | 3,8 | 5,56% |
11 | São Gonçalo | 3,8 | 3,8 | 0,00% |
12 | Duque de Caxias | 3,3 | 3,7 | 12,12% |
13 | Itaguaí | 3,3 | 3,7 | 12,12% |
14 | Japeri | 3,1 | 3,7 | 19,35% |
15 | Tanguá | 3,2 | 3,7 | 15,63% |
16 | Belford Roxo | 3,5 | 3,6 | 2,86% |
17 | Magé | 3,3 | 3,6 | 9,09% |
18 | São João de Meriti | 3,7 | 3,6 | -2,70% |
19 | Seropédica | 3,2 | 3,6 | 12,50% |
20 | Guapimirim | 3 | 3,5 | 16,67% |
As conclusões mais significativas que pude inferir foram:
- Em relação ao consolidado de 2007, Paracambi e Rio de Janeiro são as cidades da região metropolitana do estado com a classificação mais alta do Ideb: 4,5.
- No entanto, vale ressaltar que Paracambi havia registrado 3,4 em 2005. Com os 4,5 de 2007, obteve uma taxa de crescimento de 32,35%. De acordo com a meta projetada, Paracambi deveria alcançar esse resultado apenas em 2013.
- A cidade do Rio de Janeiro havia registrado 4,2 em 2005. Com os 4,5 de 2007, obteve uma taxa de crescimento de 7,14%. De acordo com a meta registrada, a cidade do Rio de Janeiro deveria alcançar esse resultado apenas em 2009.
Segue abaixo a tabela resumida com o resultado (5ª a 8ª série) da região metropolitana.
Observado | Taxa de | |||
Município | 2005 | 2007 | crescimento | |
1 | Rio de Janeiro | 3,7 | 4,3 | 16,22% |
2 | Maricá | 4,1 | 3,9 | -4,88% |
3 | Paracambi | 3,5 | 3,8 | 8,57% |
4 | Niterói | 3,8 | 3,8 | 0,00% |
5 | Seropédica | 3,5 | 3,7 | 5,71% |
6 | Nova Iguaçu | 3,5 | 3,6 | 2,86% |
7 | Queimados | 3,2 | 3,6 | 12,50% |
8 | Tanguá | 2,9 | 3,6 | 24,14% |
9 | Itaboraí | 3,6 | 3,5 | -2,78% |
10 | Nilópolis | 2,4 | 3,4 | 41,67% |
11 | São Gonçalo | 2,9 | 3,4 | 17,24% |
12 | Magé | 3 | 3,3 | 10,00% |
13 | Mesquita | 3,4 | 3,3 | -2,94% |
14 | Mangaratiba | 3,7 | 3,2 | -13,51% |
15 | Japeri | 3,1 | 3,1 | 0,00% |
16 | Guapimirim | 3 | 2,9 | -3,33% |
17 | Itaguaí | 3 | 2,9 | -3,33% |
18 | Belford Roxo | 2,7 | 2,7 | 0,00% |
19 | Duque de Caxias | 2,5 | 2,7 | 8,00% |
20 | São João de Meriti | 2,6 | 2,5 | -3,85% |
As conclusões que pude inferir foram as seguintes:
- Em relação ao consolidado de 2007, Paracambi ficou em 3º lugar na lista da região metropolitana do estado. O município, que havia registrado 3,5 em 2005, atingiu 3,8 em 2007. Uma taxa de crescimento de 8,57%. De acordo com a meta projetada, Paracambi deveria alcançar esse resultado apenas em 2011.
- A cidade do Rio de Janeiro ficou em primeiro lugar, atingindo um ideb de 4,3. Maricá conseguiu a segunda posição, com a nota 3,9.
- Ainda assim, existe uma ressalva interessante: a cidade do Rio de Janeiro e a cidade de Maricá possuem aprovação automática, o que influencia diretamente o índice, já que "aprovação" é umas das componentes de avaliação.
Essas foram análises frias, sem muito aprofundamento. Como sou suspeito a emitir opinião sobre a educação básica de Paracambi, ficarei com a beleza do índice, que mostra a seriedade com que tratamos o ensino de nossas crianças. Parabéns aos professores e ao governo André Ceciliano.
Aos amigos,
a vitória de Massa na França,
Marcos André Ceciliano
quinta-feira, junho 19, 2008
Ó, Francisco, nós te amamos!
De todos os compositores que amam e encantam o Brasil, o maior é Francisco. Não apenas pela genialidade do jogo de palavras e rimas, mas, por sua humildade e discrição.
Sempre que escrevo, procuro deixar a subjetividade de lado, mas hoje não será possível. Porque, existem poucas pessoas que admiro tanto e amo.
Chico Buarque faz o Brasil ter sentido, transborda de emoção o íntimo do brasileiro, do homem simples, das mulheres. As letras de Chico são o retrato fiel do nosso país. E não é difícil confessar que seus Pedros pedreiros, Bárbaras, Lígias, Marias e Madalenas, nos tocam o fundo da alma e moram em nossos corações.
Em homenagem ao aniversário de Francisco, segue uma linda declaração, de Tom Jobim, ao jovem que já encantava o Brasil em 1969.
Carta ao Chico
Chico Buarque meu herói nacional
Chico Buarque gênio da raça
Chico Buarque salvação do Brasil
A lealdade, a generosidade, a coragem.
Chico carrega grandes cruzes, sua estrada é uma subida pedregosa.
Seu desenho é prisco, atlético, ágil, bailarino.
Let´s dance! Eterno, simples, sofisticado, criador de melodias bruscas,
nítidas, onde a Vida e a Morte estão sempre presentes, o Dia e a Noite, o
Homem e a Mulher, Tristeza e Alegria, o modo menor e o modo maior,
onde o admirável intérprete revela o grande compositor, o sambista, o
melo inventivo, o criador, o grande artista, o poeta maior, Francisco
Buarque de Hollanda, o jogador de futebol, o defensor dos desvalidos, dos desatinados, das crianças que só comem luz, que mexe com os prepotentes, que discute com Deus e mora no coração do povo.
Chico Buarque Rosa do Povo, seresteiro poeta e cantor que aborrece os tiranos e alegra a tantos, tantos...
Chico Buarque Alegria do Povo, até seu foxtrote é brasileiro.
Zonoi Norte, Malandragem, Noel Rosa, Sivuca, Neruda, Futebol, tudo canta na tua inesgotável Lyra, tudo canto no martelo.
Bom Tempo, Bota água no feijão, Pra ver a banda passar, Vem comer, vem jantar, menino Jesus, dia das mães, vou abrir a porta. Deus; Pai, afasta de mim este cálice de vinho tinto de sangue. Chico também não evitou assuntos escabrosos, sangue, tortura, derrame, hemorragia...
Houve um momento em que temi pela tua sorte e te falei, mas creio que o pior já passou.
Chico Buarque homem do povo
Fla Flu, calça Lee, carradas de razão
Mamão, Jacarandá, Surubim
Macuco não, Pierrot e Arlequim
Você é tanta coisa que nem cabe aqui
Inovador, preservador, reencarnado, redivivo
Mestre da língua
Cabelos negros
Olhos de gatão selvagem
Dos grandes gatos do mato
Olhos glaucos, luminosos
Teu sorriso inesquecível
Ó, Francisco, nosso querido amigo
Tuas chuteiras caminham numa estrada de pó e esperança
Tom Jobim
New York, outubro de 1969
Sempre que escrevo, procuro deixar a subjetividade de lado, mas hoje não será possível. Porque, existem poucas pessoas que admiro tanto e amo.
Chico Buarque faz o Brasil ter sentido, transborda de emoção o íntimo do brasileiro, do homem simples, das mulheres. As letras de Chico são o retrato fiel do nosso país. E não é difícil confessar que seus Pedros pedreiros, Bárbaras, Lígias, Marias e Madalenas, nos tocam o fundo da alma e moram em nossos corações.
Em homenagem ao aniversário de Francisco, segue uma linda declaração, de Tom Jobim, ao jovem que já encantava o Brasil em 1969.
Carta ao Chico
Chico Buarque meu herói nacional
Chico Buarque gênio da raça
Chico Buarque salvação do Brasil
A lealdade, a generosidade, a coragem.
Chico carrega grandes cruzes, sua estrada é uma subida pedregosa.
Seu desenho é prisco, atlético, ágil, bailarino.
Let´s dance! Eterno, simples, sofisticado, criador de melodias bruscas,
nítidas, onde a Vida e a Morte estão sempre presentes, o Dia e a Noite, o
Homem e a Mulher, Tristeza e Alegria, o modo menor e o modo maior,
onde o admirável intérprete revela o grande compositor, o sambista, o
melo inventivo, o criador, o grande artista, o poeta maior, Francisco
Buarque de Hollanda, o jogador de futebol, o defensor dos desvalidos, dos desatinados, das crianças que só comem luz, que mexe com os prepotentes, que discute com Deus e mora no coração do povo.
Chico Buarque Rosa do Povo, seresteiro poeta e cantor que aborrece os tiranos e alegra a tantos, tantos...
Chico Buarque Alegria do Povo, até seu foxtrote é brasileiro.
Zonoi Norte, Malandragem, Noel Rosa, Sivuca, Neruda, Futebol, tudo canta na tua inesgotável Lyra, tudo canto no martelo.
Bom Tempo, Bota água no feijão, Pra ver a banda passar, Vem comer, vem jantar, menino Jesus, dia das mães, vou abrir a porta. Deus; Pai, afasta de mim este cálice de vinho tinto de sangue. Chico também não evitou assuntos escabrosos, sangue, tortura, derrame, hemorragia...
Houve um momento em que temi pela tua sorte e te falei, mas creio que o pior já passou.
Chico Buarque homem do povo
Fla Flu, calça Lee, carradas de razão
Mamão, Jacarandá, Surubim
Macuco não, Pierrot e Arlequim
Você é tanta coisa que nem cabe aqui
Inovador, preservador, reencarnado, redivivo
Mestre da língua
Cabelos negros
Olhos de gatão selvagem
Dos grandes gatos do mato
Olhos glaucos, luminosos
Teu sorriso inesquecível
Ó, Francisco, nosso querido amigo
Tuas chuteiras caminham numa estrada de pó e esperança
Tom Jobim
New York, outubro de 1969
quarta-feira, junho 11, 2008
O fim do dinheiro fácil do Fed...
As sucessivas quedas nas taxas de juros americanas estão com os dias contados. A estratégia implantada pelo Fed no início de novembro, para aumentar a liquidez do sistema financeiro durante a crise de crédito, não se enquadra ao atual cenário econômico dos EUA.
Desde segunda, Wall Street entendeu a mensagem dos formuladores de política monetária dos EUA, a de que os dias de dinheiro fácil do Federal Reserve estão acabando.
Existe um senso comum entre investidores de que o Fed priorizará a luta contra a inflação, deixando para depois a preocupação com o crescimento da economia americana. Essa afirmação está nas entrelinhas dos últimos discursos de Bernanke.
Em outras palavras, o que se espera é que a campanha de 9 meses de redução de juros, a mais agressiva da história, esteja próxima do fim. Investidores agora aguardam que a taxa se estabilize, ou que comece a subir nos próximos meses.
Um sinal que aponta para esse caminho é a recuperação do dólar, que alcançou seu maior ganho em dois dias seguidos contra o euro, o maior desde 2005. Em outra ponta, o retorno do título do tesouro de dois anos terminou terça 0,5 p.p. maior do que começou a semana. Essas duas variações indicam que os investidores estão antecipando a alta da taxa.
Infelizmente, para o Banco Central do Brasil, não restarão muitas opções. Um aumento dos juros nos EUA, somado a preocupação com o índice de preços aqui, não permitirão outra alternativa ao Copom que não o aumento da Selic. Só nos resta aguardar...
Aos amigos,
KEPL3, MAGG3 e ECOD3,
Marcos André Ceciliano
Desde segunda, Wall Street entendeu a mensagem dos formuladores de política monetária dos EUA, a de que os dias de dinheiro fácil do Federal Reserve estão acabando.
Existe um senso comum entre investidores de que o Fed priorizará a luta contra a inflação, deixando para depois a preocupação com o crescimento da economia americana. Essa afirmação está nas entrelinhas dos últimos discursos de Bernanke.
Em outras palavras, o que se espera é que a campanha de 9 meses de redução de juros, a mais agressiva da história, esteja próxima do fim. Investidores agora aguardam que a taxa se estabilize, ou que comece a subir nos próximos meses.
Um sinal que aponta para esse caminho é a recuperação do dólar, que alcançou seu maior ganho em dois dias seguidos contra o euro, o maior desde 2005. Em outra ponta, o retorno do título do tesouro de dois anos terminou terça 0,5 p.p. maior do que começou a semana. Essas duas variações indicam que os investidores estão antecipando a alta da taxa.
Infelizmente, para o Banco Central do Brasil, não restarão muitas opções. Um aumento dos juros nos EUA, somado a preocupação com o índice de preços aqui, não permitirão outra alternativa ao Copom que não o aumento da Selic. Só nos resta aguardar...
Aos amigos,
KEPL3, MAGG3 e ECOD3,
Marcos André Ceciliano
terça-feira, junho 10, 2008
Dólar forte? Tem certeza?
A política forte do dólar, exaltada durante décadas por presidentes americanos e secretários do tesouro, tornou-se uma piada sem graça nos últimos anos. Ainda assim, George W. Bush prefere se utilizar da estratégia de discursos otimistas para melhorar o desempenho da moeda. Obviamente, ele não está atuando em alguma ponta do mercado, comprando ou vendendo grande volume da moeda. Então, a pergunta que fica é: a retórica faz alguma diferença no mercado de câmbio?
A resposta mais justa para esse questionamento é: depende de quem está falando e em que circunstâncias. O discurso importa quando a pessoa que está com a boca se movendo sabe de algo que o resto de nós não sabe. É pouco provável que esse seja o caso de Bush, uma vez que a maior parte dos dados da economia americana torna-se pública pouco depois de preparada. O discurso também é importante quando fornece dicas sobre ações futuras, como quando o governo de Pequim fala sobre o yuan completamente controlado.
A grande pergunta é: o Tesouro Americano e o Federal Reserve estão dispostos a intervir na questão do dólar? Ben Bernanke, presidente do Fed, parece mais preocupado com a inflação do que com o crescimento imediato da economia. Por conta disso, deve começar a subir as taxas de juros em pouco tempo. Talvez, isso ajude o dólar. Mas, apenas o suficiente para mantê-lo alto como o Euro, uma vez que o BC Europeu também elevará os juros.
No mais, em um momento de crise, não vejo o FED enxugando os dólares que injetou no mercado financeiro. Ainda mais, aqueles que trouxeram liquidez ao sistema bancário. Não existe outro cenário: os investidores estrangeiros continuarão sendo os grandes compradores da moeda.
Ontem, estava lendo o Wall Street Journal e percebi algo nas entrelinhas do discurso de Hank Paulson, secretário do tesouro: ele estendeu um tapete de boas-vindas aos fundos de investimentos estrangeiros, principalmente os controlados por governos. Esse tipo de atitude merece atenção. Mesmo porque, esses fundos e seus parceiros privados sempre tomarão decisões baseadas em risco e retorno, mais do que qualquer outro fator. Então, se essas ações estabilizarem o dólar esse ano, como está acontecendo, será um grande erro acreditar que a fala sobre "dólar forte" de Bush funcionou.
Aos amigos,
o grito contido,
o choro abafado,
Marcos André Ceciliano
A resposta mais justa para esse questionamento é: depende de quem está falando e em que circunstâncias. O discurso importa quando a pessoa que está com a boca se movendo sabe de algo que o resto de nós não sabe. É pouco provável que esse seja o caso de Bush, uma vez que a maior parte dos dados da economia americana torna-se pública pouco depois de preparada. O discurso também é importante quando fornece dicas sobre ações futuras, como quando o governo de Pequim fala sobre o yuan completamente controlado.
A grande pergunta é: o Tesouro Americano e o Federal Reserve estão dispostos a intervir na questão do dólar? Ben Bernanke, presidente do Fed, parece mais preocupado com a inflação do que com o crescimento imediato da economia. Por conta disso, deve começar a subir as taxas de juros em pouco tempo. Talvez, isso ajude o dólar. Mas, apenas o suficiente para mantê-lo alto como o Euro, uma vez que o BC Europeu também elevará os juros.
No mais, em um momento de crise, não vejo o FED enxugando os dólares que injetou no mercado financeiro. Ainda mais, aqueles que trouxeram liquidez ao sistema bancário. Não existe outro cenário: os investidores estrangeiros continuarão sendo os grandes compradores da moeda.
Ontem, estava lendo o Wall Street Journal e percebi algo nas entrelinhas do discurso de Hank Paulson, secretário do tesouro: ele estendeu um tapete de boas-vindas aos fundos de investimentos estrangeiros, principalmente os controlados por governos. Esse tipo de atitude merece atenção. Mesmo porque, esses fundos e seus parceiros privados sempre tomarão decisões baseadas em risco e retorno, mais do que qualquer outro fator. Então, se essas ações estabilizarem o dólar esse ano, como está acontecendo, será um grande erro acreditar que a fala sobre "dólar forte" de Bush funcionou.
Aos amigos,
o grito contido,
o choro abafado,
Marcos André Ceciliano
segunda-feira, março 24, 2008
Os termos do acordo...
Em 2005, após retirar Daniel Dantas do controle da Brasil Telecom, o Citibank contratou uma empresa para investigar as operações realizadas durante a gestão Opportunity. Descobriu que a Alcatel, empresa francesa, apesar de apresentar propostas para a venda de equipamentos com valores superiores aos dos concorrentes, sempre ganhava o negócio.
Em contrapartida, a Alcatel comprava cotas do fundo Opportunity. Ao que tudo indica, era uma troca. Por essa razão, ficaria configurado um conflito de interesses. Quando o Citibank acionou Dantas na justiça americana, essa estranha ocorrência constava nos autos.
Um dos trechos do processo nos EUA que comprovam o que acabo de enunciar é o seguinte:
(viii). The Alcatel Transaction
85. Upon information and belief, Alcatel, a supplier of telecommunications equipment to Brasil Telecom, is a significant investor in the Opportunity Fund. Alcatel's investment relates principally to Brasil Telecom and Telemar and is apparently segregated from all other investments in the Opportunity Fund.
A empresa ICTS Global, contratada pelos novos gestores do fundo (fundos de pensão e Citibank), foi quem constatou essa jogada. A resposta do banco americano ao relatório foi o processo nos EUA.
Entretanto, poucos dias antes de ser concluída a fusão da Brasil Telecom com a Oi, em 15 de janeiro de 2008, foi fechado um contrato de fornecimento de equipamentos entre a Brasil Telecom e a Alcatel no valor de 2 bilhões de reais. O pior é que analistas do setor afirmam que o material em questão não é compatível com o sistema que a Oi utiliza.
Então, vou deixar mais claro o que estou escrevendo aqui: o chairman da Brasil Telecom é um advogado do Citigroup, de nome Sergio Spinelli. Ao chegar na empresa de telefonia, ele contratou uma auditoria para investigar a gestão anterior. Logo em seguida, foi a justiça e contestou os contratos firmados com a Alcatel. Muito justo! No entanto, em janeiro desse ano, fechou novo contrato com a empresa no valor de 2 bilhões. Estranho, não?
Qual o acordo firmado entre o Opportunity e o Citibank? Quem defende os interesses dos fundos de pensão nessa história? Essas são as "perguntas que não querem calar" da semana.
Aos amigos,
o agora independente CAf,
Marcos André Ceciliano
Em contrapartida, a Alcatel comprava cotas do fundo Opportunity. Ao que tudo indica, era uma troca. Por essa razão, ficaria configurado um conflito de interesses. Quando o Citibank acionou Dantas na justiça americana, essa estranha ocorrência constava nos autos.
Um dos trechos do processo nos EUA que comprovam o que acabo de enunciar é o seguinte:
(viii). The Alcatel Transaction
85. Upon information and belief, Alcatel, a supplier of telecommunications equipment to Brasil Telecom, is a significant investor in the Opportunity Fund. Alcatel's investment relates principally to Brasil Telecom and Telemar and is apparently segregated from all other investments in the Opportunity Fund.
A empresa ICTS Global, contratada pelos novos gestores do fundo (fundos de pensão e Citibank), foi quem constatou essa jogada. A resposta do banco americano ao relatório foi o processo nos EUA.
Entretanto, poucos dias antes de ser concluída a fusão da Brasil Telecom com a Oi, em 15 de janeiro de 2008, foi fechado um contrato de fornecimento de equipamentos entre a Brasil Telecom e a Alcatel no valor de 2 bilhões de reais. O pior é que analistas do setor afirmam que o material em questão não é compatível com o sistema que a Oi utiliza.
Então, vou deixar mais claro o que estou escrevendo aqui: o chairman da Brasil Telecom é um advogado do Citigroup, de nome Sergio Spinelli. Ao chegar na empresa de telefonia, ele contratou uma auditoria para investigar a gestão anterior. Logo em seguida, foi a justiça e contestou os contratos firmados com a Alcatel. Muito justo! No entanto, em janeiro desse ano, fechou novo contrato com a empresa no valor de 2 bilhões. Estranho, não?
Qual o acordo firmado entre o Opportunity e o Citibank? Quem defende os interesses dos fundos de pensão nessa história? Essas são as "perguntas que não querem calar" da semana.
Aos amigos,
o agora independente CAf,
Marcos André Ceciliano
segunda-feira, março 17, 2008
Precificar riscos para não falir...
No início de fevereiro, as ações do Bear Stearns estavam sendo negociadas a U$90,00. Hoje, o J.P. Morgan Chase as comprou por U$2,00. Dessa vez, a liquidação antecipada de uma grande instituição não passou pelas mãos de um corretor ambicioso, como no caso do banco inglês Barings. Esse é mais um típico caso de falência, derivado das perdas do subprime. Como já enunciei aqui outras vezes, há algo nisso tudo que me preocupa: a falta de bom senso. Os mercados estão se contagiando facilmente. Os corretores de Wall Street não querem assumir riscos e liquidam posições ao primeiro vestígio de problemas.
Há uma década, quando o fundo de Hedge do LTCM desmoronou, a economia americana crescia sem entraves. Ainda assim, LTCM e Bear Stearns tem algo importante em comum: ambos revelaram problemas latentes do sistema financeiro. Com aplicações em derivativos e outros títulos arriscados, tanto o fundo quanto o banco, ampliaram e afundaram suas fortunas. O Federal Reserve ajudou na venda do Bear, pela mesma razão que financiou a liquidação do LTCM: por temer que a queda dessas instituições desencadeasse a derrocada de outras.
Da noite para o dia, as operações não protegidas foram responsáveis pela queda das duas instituições. Nada disso teria acontecido se a ganância desenfreada não impedisse a precificação adequada dos riscos. Se todas as instituições financeiras americanas levassem essa lição a sério, o FED não precisaria apagar um incêndio a cada semana.
Aos amigos,
Katy Perry,
Marcos André Ceciliano
Há uma década, quando o fundo de Hedge do LTCM desmoronou, a economia americana crescia sem entraves. Ainda assim, LTCM e Bear Stearns tem algo importante em comum: ambos revelaram problemas latentes do sistema financeiro. Com aplicações em derivativos e outros títulos arriscados, tanto o fundo quanto o banco, ampliaram e afundaram suas fortunas. O Federal Reserve ajudou na venda do Bear, pela mesma razão que financiou a liquidação do LTCM: por temer que a queda dessas instituições desencadeasse a derrocada de outras.
Da noite para o dia, as operações não protegidas foram responsáveis pela queda das duas instituições. Nada disso teria acontecido se a ganância desenfreada não impedisse a precificação adequada dos riscos. Se todas as instituições financeiras americanas levassem essa lição a sério, o FED não precisaria apagar um incêndio a cada semana.
Aos amigos,
Katy Perry,
Marcos André Ceciliano
quinta-feira, março 06, 2008
O preço do petróleo?
Estava assistindo o discurso de George W. Bush, na CNN, quando fui surpreendido por uma afirmação, no mínimo, duvidosa. O presidente atribuiu a atual turbulência da economia americana ao alto preço do petróleo no mercado internacional.
Não estou questionando os efeitos negativos dos altos preços do barril de petróleo. Mas, a pergunta que deve ser feita é: Qual a participação deles no atual estado da economia americana? Peguei minha HP12c e fiz algumas contas.
Os Estados Unidos importam algo em torno de 5 bilhões de barris de petróleo por ano. Nos últimos 12 meses, o preço nominal do barril aumentou U$40,00, aproximadamente. Em média, os EUA pagaram U$20,00 a mais por cada barril no último ano, perfazendo um total de U$100 bilhões.
Esses U$100 bilhões correspondem a uma taxa de quase 0,7%, em uma economia cuja produção é de quase U$14 trilhões. Concordo que 0,7% não é um índice para se desprezar. Ainda mais nos EUA, que está acostumado a crescer de 3,0% a 3,5% ao ano. Mas, o preço do combustível está muito longe de ser o motivo da atual recessão.
As outras causas, que o presidente americano parece negligenciar, são bem mais relevantes e desconfortáveis. A inadimplência do subprime e os problemas associados, principalmente com o mercado de crédito, são os verdadeiros vilões dessa crise. Quando os reajustes de crédito acabarem, os altos preços das comodities voltarão a patamares anteriores. Então, a economia americana crescerá como antes, a largos passos.
Aos amigos,
Bob Dylan no Rio,
Marcos André Ceciliano
Não estou questionando os efeitos negativos dos altos preços do barril de petróleo. Mas, a pergunta que deve ser feita é: Qual a participação deles no atual estado da economia americana? Peguei minha HP12c e fiz algumas contas.
Os Estados Unidos importam algo em torno de 5 bilhões de barris de petróleo por ano. Nos últimos 12 meses, o preço nominal do barril aumentou U$40,00, aproximadamente. Em média, os EUA pagaram U$20,00 a mais por cada barril no último ano, perfazendo um total de U$100 bilhões.
Esses U$100 bilhões correspondem a uma taxa de quase 0,7%, em uma economia cuja produção é de quase U$14 trilhões. Concordo que 0,7% não é um índice para se desprezar. Ainda mais nos EUA, que está acostumado a crescer de 3,0% a 3,5% ao ano. Mas, o preço do combustível está muito longe de ser o motivo da atual recessão.
As outras causas, que o presidente americano parece negligenciar, são bem mais relevantes e desconfortáveis. A inadimplência do subprime e os problemas associados, principalmente com o mercado de crédito, são os verdadeiros vilões dessa crise. Quando os reajustes de crédito acabarem, os altos preços das comodities voltarão a patamares anteriores. Então, a economia americana crescerá como antes, a largos passos.
Aos amigos,
Bob Dylan no Rio,
Marcos André Ceciliano
segunda-feira, março 03, 2008
Heróis existem!
Ontem, assisti o novo comercial do Tribunal Superior Eleitoral, produzido pela W/Brasil. Sob o título "Heróis existem", a empresa de Olivetto construiu uma propaganda comovente, que enaltece as personalidades que lutaram para instituir o estado de direito democrático em nosso país.
Segue abaixo o vídeo:
A intenção do vídeo é clara: incluir uma perspectiva histórica no processo de conscientização eleitoral. Entretanto, existe uma ausência injustificada entre os homenageados, a do maestro Antonio Carlos Brasileiro Jobim. Realmente, algo difícil de entender!
Ainda assim, existe outra produção audiovisual que merece um comentário relevante: o vídeo promocional dos oito anos do governo petista em Paracambi. Destaco a qualidade das imagens e a cronologia inteligente da narração.
O mais interessante no projeto é a objetividade com que são apresentados os resultados. Mesmo porque, foram tantas as realizações, em tão diversas áreas, que seria impossível detalhá-las individualmente.
Paracambi não sofreu uma revolução, isso é óbvio. Mesmo porque, revolução compreende mudança de sistema político. Mas, aconteceu algo muito melhor aqui: a validação do estado democrático. Provou-se que, com competência e transparência, é possível administrar e oferecer serviços essenciais de qualidade; e que nem mesmo orçamentos insuficientes são impeditivos para os que estão dispostos a transformar a realidade de seu povo.
Sim, heróis existem!
Aos amigos,
o filme de Piaf,
Marcos André Ceciliano
Segue abaixo o vídeo:
A intenção do vídeo é clara: incluir uma perspectiva histórica no processo de conscientização eleitoral. Entretanto, existe uma ausência injustificada entre os homenageados, a do maestro Antonio Carlos Brasileiro Jobim. Realmente, algo difícil de entender!
Ainda assim, existe outra produção audiovisual que merece um comentário relevante: o vídeo promocional dos oito anos do governo petista em Paracambi. Destaco a qualidade das imagens e a cronologia inteligente da narração.
O mais interessante no projeto é a objetividade com que são apresentados os resultados. Mesmo porque, foram tantas as realizações, em tão diversas áreas, que seria impossível detalhá-las individualmente.
Paracambi não sofreu uma revolução, isso é óbvio. Mesmo porque, revolução compreende mudança de sistema político. Mas, aconteceu algo muito melhor aqui: a validação do estado democrático. Provou-se que, com competência e transparência, é possível administrar e oferecer serviços essenciais de qualidade; e que nem mesmo orçamentos insuficientes são impeditivos para os que estão dispostos a transformar a realidade de seu povo.
Sim, heróis existem!
Aos amigos,
o filme de Piaf,
Marcos André Ceciliano
Assinar:
Postagens (Atom)