terça-feira, agosto 14, 2007

Explicando a crise do Tio Sam...

Após tantos noticiários confusos, quedas nas bolsas e desespero de investidores, muitos perguntam o que realmente está acontecendo com a economia americana. Escrevi esse artigo com o intuito de esclarecer alguns pontos que não são triviais para o grande público.

Ao contrário do Brasil, nos EUA existem muitas empresas que financiam imóveis a longo prazo, incluse para pessoas que ganham pouco. Essa modalidade de financiamento é chamada de subprime. Esses contratos são o núcleo da atual crise financeira.

O mercado imobiliário sempre foi motivo de orgulho para os americanos, que se vangloriavam de possuir um sistema de financiamento muito eficaz. Mas, existia uma razão para tanto, os EUA possuíam estabilidade econômica e as menores taxas de juros do mundo. Ou seja, o risco de inadimplência nesse setor era muito baixo.

Mas, como nenhuma sociedade é perfeita, resolveram colocar um texano republicano na presidência daquele país. Não satisfeitos, o reelegeram.
O resultado foi uma política econômica nebulosa, com baixo índice de confiança. Os desdobramentos mais notáveis foram o aumento do desemprego, a elevação da taxa de juros e o desaquecimento na produção.

O aumento dos juros gerou uma grande inadimplência nos contratos subprime, o que foi agravado pelo índice de desemprego. Foi quando o mercado começou a se preocupar com o setor.

Tudo bem! É uma situação triste. Mas, os EUA possuem um sistema judiciário que permite a liquidação imediata dos imóveis após o não pagamento de um determinado número de prestações. É um dispositivo legal que garante a liquidez dos ativos, algo que não existe no Brasil.

Então, o mercado deveria passar por um período de ajustes e não entrar em crise, certo? Não! A ganância das empresas que financiavam os imóveis pesou para que isso não acontecesse. Elas vendiam títulos lastreados nos créditos a receber das hipotecas. Ou seja, os clientes do subprime não são os únicos com dificuldades financeiras nessa crise, as financiadoras também entraram em colapso.

Alguns me perguntam o porquê da crise imobiliária ter afetado o mercado como um todo e não apenas o setor. É simples! Os títulos que citei acima são lançados na economia americana e são ativos de vários fundos de investimento. Como o mercado não sabe quais são os títulos podres, os investidores de fundos começaram uma onda de retiradas. Por essa razão, o BNP Paribas suspendeu saques em três de seus fundos.

O Federal Reserve, BC americano, poderia resolver a crise com apenas uma medida: a redução dos juros. O que não seria justo a nível de mercado. Mesmo porque, as financiadoras quando lastrearam os títulos com as hipotecas a receber, sabiam do risco intrínseco. Um corte nos juros seria atuar a favor de apenas uma ponta do mercado. É o mesmo que declarar uma blindagem a essas empresas, dizer que elas nunca perderão no mercado. Isso sim é perigoso!

A solução mais sensata é a dilatação do prazo, com taxas fixas. Os primeiros anos seriam destinados ao pagamento dos juros e os outros ao abatimento do principal. No fim, estaremos produzindo um aumento no valor total da dívida. Mas, o importante é que as condições de pagamento seriam estáveis. Nesse momento, não há nada que o mercado americano precise mais.

Aos meus amigos,
o olhar de Evy,

Marcos André Ceciliano

2 comentários:

Anônimo disse...

Grande amigo,

finalmente um texto sensato sobre a crise. Meus parabéns!
Entendi perfeitamente o que se passo no mercado.

Anônimo disse...

finalmente conseguir fazer meu trabalho da escola :D
todos os sites que eu visitei não explicava direito , ou explicava de mais !
mas agora eu entendi e conseguir fazer !

Brigada aê ;D