sexta-feira, julho 20, 2007

O homem que amava a Bahia...

Muitas pessoas estranharão o conteúdo desse artigo: uma homenagem ao político baiano Antônio Carlos Magalhães, que morreu nessa sexta-feira.

Não pretendo abordar os escândalos dos quais essa personalidade pública foi protagonista. Mesmo porque, aprendi a duras penas que, na política, nem tudo que é noticiado, está de acordo com a realidade dos fatos.

Uma coisa é certa: durante a carreira de ACM, mais importante que as bravatas, foram os esforços para a defesa dos interesses da Bahia. Por isso sempre foi reconhecido por seu povo, independente das pressões midiáticas.

Apesar de possuir o cinismo característico da direita, entendia exatamente como funcionava o Brasil. Seus pronunciamentos eram marcantes em vários aspectos, principalmente na veemência das argumentações.

Lembro de uma entrevista de ACM a Rolling Stone que me marcou profundamente. Perguntado sobre a ascenção dos evangélicos ao poder, ele respondeu:

“Seja como for, tudo tem um benefício. A própria igreja evangélica do Reino de Deus, essa que pega seus dízimos e carrega de avião, essa que toma dos pobres; ela cria uma esperança, e criando uma esperança naqueles mais carentes – naqueles miseráveis – evidentemente é sempre bom, porque evita o desespero que é contagiante e que pode causar revoluções maiores no país”.

Muitos acreditam que a vitória do petista Jacques Wagner, na eleição estadual, determinou o fim do carlismo. Os que pensam assim estão enganados! Nem a morte de ACM acaba com o carlismo. Essa forma de se fazer política, instituída pela direita Baiana, está enraizada no subconsciente de seu povo.

A nova geração do carlismo está dando mostras de que pode retomar o poder no estado. Uma das figuras que mais se destacam é o herdeiro político direto de ACM, seu neto.

Conversei com ACM Neto algumas vezes e não escondo minha admiração para com a sua personalidade. É um jovem de fibra, determinado. Está sempre disposto a defender aquilo que considera correto, as verdades da sua ideologia política.

Seu avô era um fenômeno, perpetuou o nome da família na esfera governamental. Sem medo de errar, respondo qual o segredo para o sucesso de sua carreira política: ACM amava a Bahia.

Aos amigos,
"Carcará",

Marcos André Ceciliano

2 comentários:

Fred Leal disse...

realmente, marcos, me surpreendi. desde quando "evitar o desespero para não causar revoluções" é benéfico numa democracia? as revoluções nada mais são do que a ascensão de um novo pensamento comum ainda repudiado pelo estado. como elas se dão que são outros quinhentos...

espero que o trecho tenha te impressionado negativamente.

abs,
fred

Marcos André Ceciliano disse...

Amigo Fred,

adorei o comentário. É pertinente e irei esclarecer o ponto que levantou.

Como você, discordo da idéia apontada.

Mas, meu objetivo não foi esse ao citar a frase. Não é questão de concordar ou não com o que foi enunciado por ACM. O que acho importante é a análise fria e objetiva que foi construída. Mesmo que o propósito seja retrógrado, digno do coronelismo.

É algo que nos faz refletir... Mostra como o representante de uma das maiores oligarquias desse país entendia nossa estrutura social.

Abraços!