segunda-feira, março 24, 2008

Os termos do acordo...

Em 2005, após retirar Daniel Dantas do controle da Brasil Telecom, o Citibank contratou uma empresa para investigar as operações realizadas durante a gestão Opportunity. Descobriu que a Alcatel, empresa francesa, apesar de apresentar propostas para a venda de equipamentos com valores superiores aos dos concorrentes, sempre ganhava o negócio.

Em contrapartida, a Alcatel comprava cotas do fundo Opportunity. Ao que tudo indica, era uma troca. Por essa razão, ficaria configurado um conflito de interesses. Quando o Citibank acionou Dantas na justiça americana, essa estranha ocorrência constava nos autos.

Um dos trechos do processo nos EUA que comprovam o que acabo de enunciar é o seguinte:

(viii). The Alcatel Transaction
85. Upon information and belief, Alcatel, a supplier of telecommunications equipment to Brasil Telecom, is a significant investor in the Opportunity Fund. Alcatel's investment relates principally to Brasil Telecom and Telemar and is apparently segregated from all other investments in the Opportunity Fund.

A empresa ICTS Global, contratada pelos novos gestores do fundo (fundos de pensão e Citibank), foi quem constatou essa jogada. A resposta do banco americano ao relatório foi o processo nos EUA.

Entretanto, poucos dias antes de ser concluída a fusão da Brasil Telecom com a Oi, em 15 de janeiro de 2008, foi fechado um contrato de fornecimento de equipamentos entre a Brasil Telecom e a Alcatel no valor de 2 bilhões de reais. O pior é que analistas do setor afirmam que o material em questão não é compatível com o sistema que a Oi utiliza.

Então, vou deixar mais claro o que estou escrevendo aqui: o chairman da Brasil Telecom é um advogado do Citigroup, de nome Sergio Spinelli. Ao chegar na empresa de telefonia, ele contratou uma auditoria para investigar a gestão anterior. Logo em seguida, foi a justiça e contestou os contratos firmados com a Alcatel. Muito justo! No entanto, em janeiro desse ano, fechou novo contrato com a empresa no valor de 2 bilhões. Estranho, não?

Qual o acordo firmado entre o Opportunity e o Citibank? Quem defende os interesses dos fundos de pensão nessa história? Essas são as "perguntas que não querem calar" da semana.

Aos amigos,
o agora independente CAf,

Marcos André Ceciliano

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom, Marcos! É um questionamento justo. O pior é que a fusão da BrT com a Oi foi estranha mesmo. Como algo assim pode acontecer?

Anônimo disse...

Quem defende os fundos de pensão? Acho que ninguém. Entrar nesse leilão de telecomunicações foi a maior furada. Os fundos se acabaram.

Felipe Gomes disse...

Queria saber como esse caras canseguiram passar isso....
massssss.....
deixa pra lá...
aabs marcos