A prisão do banqueiro Salvatore Cacciola despertou a curiosidade de muitas pessoas que não estão familiarizadas com os bastidores do mercado financeiro. Para facilitar, resolvi fazer um resumo do famoso “caso Marka”.
A economia brasileira enfrentou uma crise em agosto de 1998, quando os problemas financeiros da Rússia abalaram os mercados emergentes. Muitos banqueiros do Rio de Janeiro trabalhavam com informações privilegiadas nessa época, um deles era Salvatore Cacciola, dono do banco Marka.
Entretanto, o banqueiro desconfiou que seus informantes no BC não contavam tudo o que sabiam. Muito esperto, Cacciola preparou uma armadilha: chamou Luiz Augusto Bragança para uma conversa e ofereceu um serviço de varredura em seus telefones, para saber se estavam grampeados. Bragança que era amigo de Francisco Lopes, presidente do Banco Central na época, não percebeu a malícia e entregou todos os números.
Cacciola grampeou toda a lista e passou a acompanhar as conversas. Descobriu que os informantes privilegiavam o banqueiro André Esteves, do Banco Pactual, e repassavam estratégias a outros dois bancos cariocas.
Em 13 de janeiro de 1999, ocorreu uma maxidesvalorização do real em relação ao dólar. Foi um dia negro para o banco Marka, pois este havia apostado na manutenção da paridade.
O banco ficou insolvente. Havia comprometido vinte vezes seu patrimônio líquido em contratos no mercado futuro de dólar. Cacciola aproveitou o momento e pediu ajuda ao Banco Central, usando de sua influência junto a Luiz Bragança. Disse que se a ajuda não fosse autorizada, divulgaria as fitas do esquema de vazamento.
Assim, a diretoria do BC decidiu realizar a operação. O banco Marka adquiriu dólares das reservas oficiais a preços inferiores aos do mercado. Com isso, os cofres públicos tiveram um prejuízo de 1,5 bilhão. A decisão foi questionada pelos outros bancos e uma CPI foi aberta para apurar o caso.
A CPI dos bancos, como foi chamada, acusou Cacciola de tráfico de influência e crime de gestão temerária. Além da indicação de que não houve cooperação por parte do banqueiro para com as investigações.
Em junho de 2000, Cacciola foi preso pela Polícia Federal. Ficou na cadeia durante 37 dias. Saiu graças a um habeas corpus do ministro Marco Aurélio de Mello. O banqueiro aproveitou a oportunidade e fugiu para a Itália. Nunca mais retornou ao Brasil.
Aos amigos,
a princesa Charlotte de Mônaco,
Marcos André Ceciliano
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