segunda-feira, agosto 22, 2016

O medo de Stefan Zweig

Nos últimos dias, o furor dos jogos tomou conta da cidade, evidenciado pela euforia e alegria pulsantes no Boulevard Olímpico. Espaço criado pela prefeitura, na Praça Mauá, para aplacar o animo dos cariocas que não tiveram meios de assistir os jogos nas arenas.

Como o prefeito decretou dois feriados seguidos, aproveitei o interstício para visitar Petrópolis e os pontos históricos pelos quais sou apaixonado: o Museu Imperial, a casa de Santos Dumont, a Catedral de São Pedro e a casa de Stefan Zweig.

Cheguei a cidade na sexta, e logo descobri que eram os últimos dias do Festival de Inverno no Quitandinha, com uma apresentação de Geraldo Azevedo naquela data. Corri a bilheteria, mas não haviam mais ingressos para o show. Uma pena!

Fiz os passeios costumeiros, revivendo o periodo imperial no museu, e prestando a devida homenagem a Alberto Santos Dumont na encantada. Aliás, penso que a sociedade Petropolitana deveria construir um monumento aos irmãos Wright, bem no meio da praça principal, aquela que desemboca na Av. Koehler.

A obra deveria mostrar um avião lançado por catapulta, que foi exatamente o que os Wright conseguiram antes de Dumont. Só para lembrar ao mundo quem é o verdadeiro inventor do avião autopropulsado.

Besteira minha! Nem de longe esse seria um ato de Santos Dumont, inventor que nunca patenteou seus inventos. Muito pelo contrário, quando percebia que fizera algo extraordinário, publicava todos os esquemas em revistas de Engenharia do mundo, para que qualquer um pudesse montar e aperfeiçoar suas máquinas.

Aproveitei a manhã do último dia para visitar a casa de Stefan Zweig. Um prédio que homenageia a vida do notável escritor austríaco, que suicidou-se em Petrópolis. A casa possui uma particularidade que salta aos olhos, um fator humano que valora a exposição e a biografia do escritor: a atenção e o conhecimento da guia e gestora Dora Martini.


Basta uma breve conversa com esta senhora simpática, um minuto da nossa atenção, para que floresça a curiosidade e o interesse sobre os motivos que fizeram com que Zweig optasse pelo exílio no Brasil. A Sra. Martini discorre com propriedade sobre a tranquilidade inicial da estadia; da produção literária naqueles 05 meses; e sobre o processo de depressão, principalmente por conta do desespero com a guerra na Europa, que acabaram por desencadear seu suicídio.

Não deixem de visitar essa casa, que não é uma ode a morte, mas uma homenagem a vida literária brilhante de Zweig. Aos que não leram um livro seu, sugiro o fabuloso "Três Novelas Femininas", da qual o conto "Medo" é o meu favorito.

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