Eu tenho vergonha da imprensa do meu país! Decidi começar esse artigo com uma frase impactante, que traduz exatamente a indignação que toma conta da minha consciência quando leio os periódicos da grande mídia brasileira. A verdade é que, no Brasil, uma imprensa tão marrom como a de hoje, não existe desde a morte de Carlos Lacerda. E isso é lastimável! Salvo honrosas exceções, tudo o que se publica hoje possui uma segunda intenção tão gritante que dá nojo.
No mês de abril, tivemos a primeira demonstração de como a mídia irá se comportar durante o processo eleitoral: ao terem ciência de que, segundo a pesquisa Vox Populi, Dilma Roussef estaria em empate técnico com José Serra, os grandes meios de comunicação decidiram não noticiar o fato. Isso porque, a pesquisa Vox Populi contrariava a surpreendente vantagem obtida por José Serra na pesquisa Datafolha. Esse foi um silêncio covarde, que manchou a honra das redações dos jornais de todo o país.
Na mídia impressa, não há discussão: a revista VEJA é unanimidade. Suas publicações são tão fantasiosas, que nem Jules Verne seria tão criativo. Sua redação já não exerce liberdade de criação, está fielmente condicionada aos interesses de seus patrões. E estes estão claramente dispostos a tudo para atingir seu objetivo político, tanto que chegam a adentrar no gênero ficcional, com narrativa de literatura folclórica.
Em suas páginas, encontramos seres que só poderiam existir mesmo na ficção, como o Diogo Mainardi. "Jornalistas" que não se envergonham de utilizarem-se de qualquer preceito esdrúxulo para destruir a imagem do governo e de sua candidata à sucessão; através de crises que eles sabem que são hipócritas, falsas e eleitoreiras, pois tratam como novidade práticas republicanas seculares.
Não aguento mais ver tanta injustiça, tanta mentira, tanta esbórnia e irresponsabilidade com o futuro do país.
Infelizmente, essa é a nossa imprensa: desprovida de ética e totalmente comprometida com o conservadorismo, que é o modelo absorvido pela classe média brasileira. Uma das poucas classes médias do mundo em ascenção que é fraca, preconceituosa e tem péssima formação educacional.
Mesmo assim, e isso é o pior de tudo, esse pessoal se acha bem informado às custas de "O Globos", "Folhas", "Épocas" e "Vejas"; e se acha elite, adotando comportamentos e idéias de comentaristas da mídia.
Já a elite de verdade, o clube bilionário desse país, é o que temos de pior: é racista, canalha e egoísta. E, por mais que tente disfarçar, nutre ódio pelo presidente operário. Passou 8 anos indignada por ser governada por ele, por tê-lo em um lugar que sempre foi de um dos seus.
Essa elite é o retrato da decadência: pobre de cultura e formação, composta por herdeiros de corruptos que se julgam nobres. Uma gente de ambição desmedida, sem percepção estratégica, que ainda não percebeu o óbvio, elucidado por Gilberto Freyre ainda em 1933: que se quiser continuar a habitar a casa grande, precisa, no mínimo, deixar a senzala comer um pouco melhor.
Estou indignado com tanta mediocridade e maucaratismo, cansado de ver o Brasil retroceder em valores e ética a cada governo de direita. É triste e ultrajante a percepção de que o progresso democrático em nosso país contraria os interesses de meia dúzia de poderosos; e que eles são capazes de tudo para impedí-lo. Isso porque, possuem uma ganância maior do que o tempo que terão em vida para aproveitar as vantagens de sua perversidade.
Esse artigo é um desabafo, um grito estridente de quem está cansado de agir corretamente, de seguir os bons modos, o politicamente correto e, olhando em volta, ver o triunfo dos canalhas sobre o homem de bem ser noticiado como apoteose, por uma imprensa estúpida e hipócrita. É como disse Ella Wheeler Wilcox: "Pecar pelo silêncio, quando devemos protestar, nos torna covardes”.
Aos amigos,
o silêncio de minha espera,
Marcos André Ceciliano
Marcos André Ceciliano