sábado, abril 11, 2009

Lindberg apoia Casula!

Recebi via e-mail uma carta do prefeito Lindberg Farias, desmentindo seu apoio à candidatura de Bismarck Alcântara à presidência estadual do PT. Apesar de ser uma desmentida, o prefeito foi cordial, destacando reconhecer os valores éticos e morais do companheiro Bismarck. No entanto, fez questão de declarar apoio ao candidato Lourival Casula.

Bom, já estive com Lourival em duas oportunidades. Em uma delas, um jantar de poucas pessoas, quando da sua candidatura à câmara municipal, conversamos bastante. Destaco em sua personalidade a sobriedade e a propriedade na hora de dissertar sobre os diversos assuntos da esfera política e econômica. Casula é sem dúvida uma pessoa preparada, justa, capaz de lidar com as diversas lideranças petistas de nosso estado. Hoje, não há nada de que o PT precise mais: reestabelecer a condição de partido único, que respeita as divergentes correntes de sua composição.

Segue abaixo a carta do prefeito Lindberg:

Aos amigos,
a unidade partidária,

Marcos André Ceciliano

sexta-feira, abril 03, 2009

O plano de Geithner

A proposta de US$500 bilhões para salvar os bancos, anunciada pelo Tesouro Americano, foi elogiada por muitos analistas de Wall Street e classificada como triplo ganho. Na verdade, essa é uma proposta ganho-ganho-perda: os bancos ganham, os investidores ganham e o contribuinte perde. E não é difícil chegar a essa conclusão.

Segundo o plano, o tesouro americano espera solucionar a crise replicando os procedimentos arriscados do setor privado, com uma proposta altamente complexa, com poucos incentivos e pífia transparência. Sem falar que o patrimônio público será fortemente desalavancado.

A verdade sobre essa crise é que os bancos deixaram toda a economia vulnerável quando decidiram se alavancar. Utilizaram pouco capital próprio e se endividaram muito para comprar ativos de alto risco do mercado imobiliário. Para piorar, no decorrer do processo, ainda se utilizaram de instrumentos de alta complexidade, como obrigações de débito colateralizadas.

A projeção de alta compensação deu aos banqueiros incentivos para ignorar e subestimar o risco excessivo. Os bancos cometeram todos esses erros, alheios a qualquer fiscalização. Mesmo porque, a maior parte dessa negociação era financiada fora da folha de balanço.

Na teoria, o plano do governo Obama baseia-se em permitir que o mercado determine o preço dos ativos podres dos bancos, incluindo empréstimos para a compra de casas e derivativos desses empréstimos. Na verdade, o mercado não irá precificar os ativos, mas as opções desses ativos.

E o problema reside exatamente nesse ponto, por conta da inexistência de garantias vinculadas. Dessa forma, o plano do governo resume-se a absorver quase todas as perdas, uma vez que, os investidores privados superestimarão os ganhos potênciais.

Considere um ativo que tem 50% de chances de valer entre zero e US$ 400 em um ano. O valor médio desse ativo é de US$ 200. Sem levar em conta os juros, esse é o preço do ativo em um mercado competitivo. É quanto o ativo vale. Segundo o plano do secretário do Tesouro Americano, Timothy Geithner, o governo financiará 92% do dinheiro para a compra do ativo, mas espera receber apenas 50% de qualquer ganho, e absorverá quase todas as perdas.

Digamos que em uma das parcerias público-privadas, o Tesouro se comprometa a pagar US$ 300,00 pelo ativo. É 50% a mais do que ele realmente vale, e o banco estará mais do que feliz ao vendê-lo. Então, o parceiro privado coloca US$24, e o governo financia o resto: US$24 em “equity” mais US$252 em forma de empréstimo garantido.

Se acontecer de o valor real se tornar zero, o parceiro privado terá perdido US$24, e o governo terá perdido US$276. Se o valor real tornar-se US$400, o governo e o parceiro privado dividirão US$148, que restará depois que o empréstimo de US$252 for pago. Nesse cenário, o investidor privado mais do que triplica seu investimento de US$ 24. Enquanto o contribuinte terá arriscado US$ 276, para ganhar US$74.

Mesmo em um mercado imperfeito, não deveria existir a confusão entre o valor de um ativo e o valor da opção em alta desse ativo.

Mas, os americanos perderão muito mais do que sugerem esses cálculos, por conta de um efeito chamado seleção adversa. Segundo o plano, os bancos poderão escolher os ativos que desejam vender. Logo, escolherão os piores e, especialmente, aqueles que o mercado superestimar.

A única maneira de neutralizar esse efeito de "seleção adversa" é incorrer em muitas perdas. Com o governo absorvendo as perdas, não importa para o mercado se os bancos estarão "trapaceando" ao vender seus ativos mais depreciados, porque, o governo bancará o custo.

O problema principal dessa crise não é a falta de liquidez. Se o fosse, a solução seria fornecer os fundos sem garantias de empréstimos. A verdadeira questão é que os bancos fizeram maus empréstimos em uma bolha e foram altamente alavancados. Eles perderam o seu capital, e este capital tem de ser substituído.

Por essa razão, pagar o valor de mercado justo pelos ativos não funcionará. Os bancos só serão recapitalizados se o valor pago por esses ativos for superdimensionado. No entanto, fazê-lo, será o mesmo que transferir a perda para o estado. Em outras palavras, o plano de Geithner só funciona se o contribuiente perder muito.

Alguns americanos temem a nacionalização dos bancos. No entanto, essa opção deveria ser preferida ao plano de Geithner. Mesmo porque, a Federal Deposit Insurance Corporation já obteve o controle de bancos falidos em outros tempos e realizou um ótimo trabalho.

O que muitos conservadores não perceberam é que o plano de recuperação da administração Obama é pior do que o processo de nacionalização. É um capitalismo promíscuo, que privatiza os ganhos e socializa as perdas. É um tipo de paternalismo em que uma parte é beneficiada em detrimento de outra, que preserva os incentivos aos que criaram a crise.

Então, qual é o apelo de uma proposta como essa? Talvez, esse seja o tipo de solução à la Hegel que Wall Street ama: complexo e obscuro, permitindo transferências enormes de dinheiro saudável para os mercados financeiros.

No entanto, estamos prestes a enfrentar uma grave crise de confiança. Isso porque, quando os altos custos dos planos da administração Obama se tornarem aparentes, a confiança será diluída. Nesse momento, a tarefa de recriar um setor financeiro eficaz e ressuscitar a economia, será ainda mais difícil.

Aos amigos,
sincerità de Arisa,

Marcos André Ceciliano