Estava no Metrô do Rio neste sábado, a caminho de
Ipanema, e me deparei com uma cena maravilhosa: na altura do Largo do Machado,
um casal adentrou a composição, cada qual carregando seu instrumento musical.
O fato de não existirem assentos livres sempre cria uma expectativa numa situação como essa: afinal, o casal com instrumentos estaria apenas na condição de passageiro ou nos brindaria, entre uma ou duas estações, com uma apresentação instrumental?
Numa batida rápida, com muita desenvoltura, tivemos a resposta. As cordas dissonantes de um violão romperam o silêncio, num movimento executado com rigor pelo rapaz franzino, de barba cheia.
Para surpresa geral, o que se iniciou foi um jazz de notas marcantes, encorpado. Mas, a polirritmia só estaria completa com as blue notes da trombeta de sua parceira, uma morena simpática, de longos cabelos negros.
A forma sincopada e notas altas se encaixaram perfeitamente a postura humilde dos executores, trazendo um momento mágico a composição. A qualidade musical da dupla transportou-nos, por alguns segundos, ao berço do Jazz, na New Orleans negra. Impacto exagerado, que somente o jazz de qualidade consegue provocar.
Infelizmente, o espetáculo improvisado durou apenas duas estações. Na última canção, a de agradecimento, a voz rouca do violeiro, até então oculta, arrancou aplausos unânimes da plateia de passageiros. E foi nesse momento que olhei em volta e pensei: essa é realmente uma cidade maravilhosa, de riqueza cultural e social.
E por um instante sorri, ao lembrar que tramita na Alerj o Projeto de Lei 2958/2014, de autoria do Dep. André Ceciliano, que permitirá apresentações culturais nas estações de barcas, trens e metrô no âmbito do Estado do Rio de Janeiro. Ato que afastará do cotidiano a cena nefasta de seguranças correndo atrás de artistas nas plataformas; utilizando-se de uma truculência descabida e incoerente.
É importante esclarecer que, inicialmente, o projeto também autorizaria a apresentação dos artistas no interior dos trens e do metrô. No entanto, por força de uma emenda modificativa, de certo Deputado do PSDB (sempre eles), alterou-se o caput, vedando a possibilidade dos artistas se manifestarem legalmente dentro dos vagões.
Independente do alterado, o projeto é um avanço por permitir a apresentação nas estações, sem qualquer restrição ou imposição de regra da concessionária de transporte. Agora é torcer para que a comissão de cultura, que avalia o texto desde março/2015, devolva o projeto ao plenário, para votação. Destaca-se o fato de que o prazo de devolução, que versava sobre o dia 01/04/2015, encontra-se ultrapassado, sem qualquer parecer emitido.
Ficaremos na torcida para que o texto seja aprovado; e ansiosos para que essas manifestações artísticas se multipliquem nas plataformas de trens, metrô e barcas do nosso Estado. Estruturas que, diga-se de passagem, foram construídas com o dinheiro e suor do contribuinte.
Aprovem, Deputados! Nós, a população, agradecemos.
O fato de não existirem assentos livres sempre cria uma expectativa numa situação como essa: afinal, o casal com instrumentos estaria apenas na condição de passageiro ou nos brindaria, entre uma ou duas estações, com uma apresentação instrumental?
Numa batida rápida, com muita desenvoltura, tivemos a resposta. As cordas dissonantes de um violão romperam o silêncio, num movimento executado com rigor pelo rapaz franzino, de barba cheia.
Para surpresa geral, o que se iniciou foi um jazz de notas marcantes, encorpado. Mas, a polirritmia só estaria completa com as blue notes da trombeta de sua parceira, uma morena simpática, de longos cabelos negros.
A forma sincopada e notas altas se encaixaram perfeitamente a postura humilde dos executores, trazendo um momento mágico a composição. A qualidade musical da dupla transportou-nos, por alguns segundos, ao berço do Jazz, na New Orleans negra. Impacto exagerado, que somente o jazz de qualidade consegue provocar.
Infelizmente, o espetáculo improvisado durou apenas duas estações. Na última canção, a de agradecimento, a voz rouca do violeiro, até então oculta, arrancou aplausos unânimes da plateia de passageiros. E foi nesse momento que olhei em volta e pensei: essa é realmente uma cidade maravilhosa, de riqueza cultural e social.
E por um instante sorri, ao lembrar que tramita na Alerj o Projeto de Lei 2958/2014, de autoria do Dep. André Ceciliano, que permitirá apresentações culturais nas estações de barcas, trens e metrô no âmbito do Estado do Rio de Janeiro. Ato que afastará do cotidiano a cena nefasta de seguranças correndo atrás de artistas nas plataformas; utilizando-se de uma truculência descabida e incoerente.
É importante esclarecer que, inicialmente, o projeto também autorizaria a apresentação dos artistas no interior dos trens e do metrô. No entanto, por força de uma emenda modificativa, de certo Deputado do PSDB (sempre eles), alterou-se o caput, vedando a possibilidade dos artistas se manifestarem legalmente dentro dos vagões.
Independente do alterado, o projeto é um avanço por permitir a apresentação nas estações, sem qualquer restrição ou imposição de regra da concessionária de transporte. Agora é torcer para que a comissão de cultura, que avalia o texto desde março/2015, devolva o projeto ao plenário, para votação. Destaca-se o fato de que o prazo de devolução, que versava sobre o dia 01/04/2015, encontra-se ultrapassado, sem qualquer parecer emitido.
Para os que tiverem interesse em acompanhar o trâmite, segue
o link do projeto na página da Alerj: http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/scpro1115.nsf/0c5bf5cde95601f903256caa0023131b/c3b365ce09cc856783257cd00055c377?OpenDocument&Highlight=0,2958
Ficaremos na torcida para que o texto seja aprovado; e ansiosos para que essas manifestações artísticas se multipliquem nas plataformas de trens, metrô e barcas do nosso Estado. Estruturas que, diga-se de passagem, foram construídas com o dinheiro e suor do contribuinte.
Aprovem, Deputados! Nós, a população, agradecemos.